A cineasta Agnès Varda, nome forte da nouvelle vague nascida na Bélgica e criada na França, prolífica diretora durante as últimas sete décadas, morreu na noite desta quinta-feira 28 em sua casa em Paris, vítima de um câncer de mama. Varda tinha 90 anos e morreu acompanhada de sua família.
Vencedora de um Oscar honorário em 2018, mesmo ano em que competiu pelo prêmio de melhor documentário pelo delicado Visages, Villages, a artista tinha recentemente apresentado no Festival de Berlim o seu último filme, Varda por Agnès, uma espécie de retrospectiva e despedida de seus fãs por meio do cinema.
Agnès Varda foi uma presença marcante no cinema francês autoral desde sua estreia em 1955 com La Pointe-Courte, e seu nome se tornou ainda mais conhecido em 1962, quando lançou Cleo das 5 às 7, seu longa mais popular até hoje, sobre uma cantora que aguarda os resultados de um exame de câncer — amarga coincidência do destino da própria cineasta.
Varda foi um dos únicos nomes femininos a representar o movimento conhecido como nouvelle vague, a “nova onda” impulsionada por críticos de cinema franceses que se aventuraram atrás das câmeras nos anos 60, e na qual surgiram ícones como Jean-Luc Godard, François Truffaut e Jacques Demy, com quem Agnès foi casada e teve dois filhos.
Seus filmes sempre trouxeram personagens femininas no centro e Agnès sempre se colocou como defensora dos direitos das mulheres, da igualdade de oportunidades e histórias. Seus filmes, porém, não falavam apenas com o público feminino, mas com todos — eram sobre vida, morte, sexualidade, humanidade, cinema. Cinema acima de tudo.