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De Ronnie Von a Mutantes: os principais trabalhos de Arnaldo Saccomani

O produtor musical e compositor, morto nesta quinta-feira, aos 71 anos, ajudou a criar algumas das maiores pérolas do rock brasileiro nos anos 1970

Por Felipe Branco Cruz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 27 ago 2020, 11h44 - Publicado em 27 ago 2020, 11h12
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  • Arnaldo Saccomani, um dos produtores mais conhecidos do país, morreu na madrugada desta quinta-feira, 71, em Indaiatuba, no interior de São Paulo. Segundo a família, o artista sofria de insuficiência renal e diabetes e estava fazendo hemodiálise desde julho de 2019. Antes de ganhar popularidade como o jurado mal-humorado de programas musicais como Astros, Ídolos e Qual é o Seu Talento?, Saccomani foi uma das figuras essenciais para a introdução do rock e da psicodelia no país. Entre seus principais trabalhos, está a composição de várias músicas de Ronnie Von e a produção do álbum dos Mutantes A Divina Comédia ou Ando Meio Desligado. Também é de Saccomani a produção do álbum de estreia de Tim Maia, de 1970, um clássico que apresentou Primavera (Vai Chuva) e Azul da Cor do Mar

    Saccomani tinha um faro fino para descobrir tendências que se transformariam em grandes vendedoras de disco. Por causa disso, no final dos anos 1980 e durante as décadas seguintes, ele deixou os discos de rock de lado e ajudou a produzir álbuns que venderiam milhões. Como foi o caso, por exemplo, do álbum da boy band Dominó, de 1992. Mais ou menos dessa época, um novo fenômeno popular surgiu: o pagode romântico. E a atuação de Saccomani foi essencial. São deles as principais composições e produções de álbuns que inundaram as rádios com hits chicletes de Sampa Crew, Sorriso Maroto, Os Travessos, Pixote, Negritude Junior, Raça Negra e Belo. Ele também produziu outros artistas super populares como a dupla Pepê & Neném e Belo. 

    Não por acaso, Saccomani, junto com a sua filha Thaís Nascimento, se transformou em um dos maiores arrecadadores de direitos autorais do Brasil, com produções certeiras em títulos que eram praticamente impossíveis de não venderem milhões, como álbuns das Chiquititas, Mara Maravilha, Carrossel e, mais recentemente, de Larissa Manoela. Entra na conta de Saccomani também a descoberta de artistas mais popularescos, como Tiririca e sua música Florentina. Em uma entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, em 2000, o produtor disse: “Como é que um cara tinha a cara-de-pau de fazer uma música daquelas? Chamei ele aqui e lancei seu CD. Achei gostoso ir na contracorrente”. Deu tão certo que, anos depois, Tiririca se tornaria o deputado federal mais votado do Brasil. 

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    O rumo artístico altamente popular tomado por Saccomani nos últimos 30 anos, no entanto, não apagou a influência que ele teve nos anos 1960 e 1970, nos primórdios do rock nacional, ajudando a criar as bases do que seria a música popular brasileira. 

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    Relembre a seguir três trabalhos de Saccomani que marcaram época:

     

    Os discos psicodélicos de Ronnie Von

    Bem antes de se transformar no dândi da TV brasileira, com o programa Todo Seu, da TV Gazeta, Ronnie Von era um dos maiores galãs da música brasileira. Porém, em algum momento entre 1968 e 1971, o cantor passou a interessar pela psicodélica após os Beatles (banda da qual ele era fã) terem lançados seus álbuns mais loucos. É neste momento que Arnaldo Saccomani surge na vida de Ronnie Von ao produzir seu primeiro álbum psicodélico e compor dezenas de outras músicas que iriam rechear os dois álbuns seguintes. É de Saccomani, por exemplo, a faixa Mil Novecentos e Além, que parece ter saído diretamente de um filme de ficção científica lado B. Hoje em dia, a fase psicodélica de Ronnie Von é cultuada e os LPs Ronnie Von (1968), A Misteriosa Luta do Reino de Parassempre Contra o Império de Nuncamais (1969) e A Minha Máquina Voadora (1970) são dificílimos de encontrar para comprar. 

    Os Mutantes

    Arnaldo Saccomani produziu o disco mais psicodélico dos Mutantes: A Divina Comédia ou Ando Meio Desligado, de 1970, o terceiro lançamento do grupo formado por Rita Lee, Arnaldo Baptista e Sergio Dias. Sob a batuta de Saccomani, Os Mutantes abandonaram os elementos da música brasileira que utilizaram nos dois álbuns anteriores para se jogarem no rock com muitas distorções de guitarra e o uso do órgão elétrico. Foi neste álbum que a banda apresentou clássicos como Ando Meio Desligado, Meu Refrigerador Não Funciona e Hey Boy

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    Tim Maia

    Também em 1970, Arnaldo Saccomani produziu em parceria com Jairo Pires o disco de estreia de Tim Maia. O disco é fundamental na carreira do cantor carioca e logo de cara apresentou canções que se tornaram clássicas da música brasileira como Coroné Antônio Bento, Flamengo, Você Fingiu, Primavera (Vai Chuva) e Azul da Cor do Mar. Saccomani acompanhou a produção do disco em São Paulo, em 1969, quando Tim gravou Jurema e Primavera (Vai Chuva). A outra parte do álbum foi gravada no Rio de Janeiro, desta vez sob a produção de Pires.

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