O senhor lançou na semana passada o single Stay (Don’t Go Away). Qual é a diferença entre divulgar uma música hoje e há trinta anos, ainda no início de sua carreira? É completamente diferente. Antes, fabricavam-se vinte vinis para presentear os DJs mais importantes de Londres e Miami. Se eles gostassem, tocariam a música em suas pistas e, então, os outros DJs iriam me procurar. O lançamento no rádio se daria dois meses depois, quando já se teria criado uma demanda pelo produto. Hoje, o lançamento tem de ser simultâneo em todas as plataformas, como Spotify e YouTube. Mas uma coisa nunca vai mudar na indústria da música.
O quê? Não importa a plataforma ou a estratégia de divulgação, sempre será o público que decidirá se a música vai pegar ou não. O artista pode investir milhões em um clipe e na divulgação, mas, se o público não gostar, a música não vai pegar.
Qual é a melhor e a pior coisa de ser DJ? Tenho o melhor emprego do mundo: ajudo a fazer as pessoas felizes. O cara que vai a uma boate quer esquecer seus problemas — então essa é a nossa missão. A música será associada a momentos de alegria, de descobertas amorosas. A pior coisa é a pressão para produzir singles impactantes, caso de I Gotta Feeling (parceria de Guetta com o grupo The Black Eyed Peas) — sinceramente, acho que nunca mais farei algo tão retumbante. Também há o fato de que passo pouco tempo em casa, estou sempre na estrada. É fisicamente desgastante.
Falando em I Gotta Feeling, essa canção é tocada em quase todo casamento e formatura no Brasil. Não só no Brasil. Essa música ganhou um Grammy (na categoria Melhor Performance Pop) e foi uma das mais executadas da história. Chegou a pontos do mundo que nem imagino. As pessoas se divertem, a canção transmite alegria. Já disse em uma oportunidade: no meu funeral, quero que seja tocada I Gotta Feeling.
O que o senhor escuta de música brasileira? Tenho gostado do trabalho da Anitta. Fomos apresentados em um estúdio em março, em Miami. Não há nada certo, mas um dia adoraria fazer uma colaboração com ela.
Publicado em VEJA de 22 de maio de 2019, edição nº 2635