“Saiu no jornal que vai ser no MAR. Só se for no fundo do mar”, rebate Marcelo Crivella, em um vídeo com tom de chacota, a possibilidade de a exposição Queermuseu ganhar uma temporada o Museu de Arte do Rio, o MAR. A mostra teve a sua temporada encurtada no Santander Cultural em Porto Alegre depois da grita conservadora dos que relacionaram seus quadros a pedofilia e zoofilia.
No vídeo, publicado em seu perfil oficial no Facebook, Crivella põe cinco pessoas para dizer que não querem, no Rio, uma “exposição de pedofilia e zoofilia”.
O vídeo se segue ao de João Doria, prefeito de São Paulo, que gravou um vídeo criticando tanto a Queermuseu como a performance do artista plástico fluminense Wagner Schwartz, que se desnuda para emular um bicho de Lygia Clark e que, em uma sessão para convidados promovida no MAM-SP, foi tocado no pé por uma criança.
As obras da exposição Queermuseu – Cartografias da Diferença na Arte da Brasileira que incomodaram grupos como o MBL (Movimento Brasil Livre) carregam, na verdade, denúncias contra práticas criminosas realizadas no Brasil, caso de Cena de Interior II, de Adriana Varejão, que mostra diferentes tipos de relações sexuais — entre pessoas de gêneros diferentes, entre pessoas do mesmo gênero, entre brancos e negro — e remete aos absurdos cometidos na colonização do Brasil, tema recorrente na obra da artista.
Mantido pela Prefeitura do Rio em parceria com a iniciativa privada, o MAR não confirmou em nenhum momento que receberia a mostra. Marcelo Crivella é o primeiro pastor evangélico a assumir a prefeitura do Rio de Janeiro.