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Como ‘Nevermind’ destronou Michael Jackson e aposentou o velho rock

Com sucessos como 'Come As You Are' e 'Smells Like Teen Spirit', há 30 anos, a banda inaugurou um novo gênero com um rock cru e sincero

Por Felipe Branco Cruz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 24 set 2021, 09h06

Quando o segundo disco do Nirvana, Nevermind, chegou às lojas 30 anos atrás, em 24 de setembro de 1991, o mundo do pop e do rock ainda eram dominados por gigantes como o pop Michael Jackson e Guns N’ Roses com seu hard rock. Novos ventos, no entanto, começavam a soprar com o inovador Black Album, do Metallica, mas ninguém estava preparado para o turbilhão que seria o Nirvana. 

Embora o primeiro álbum da banda, Bleach, de 1989, não tenha feito tanto sucesso, ele fez barulho o suficiente para que a gravadora aceitasse gravar um segundo disco. Com as expectativas lá embaixo, o trio formado por Kurt Cobain, Kris Novoselic e Dave Grohl esperava que o trabalho rendesse o suficiente para pagar o aluguel. O susto veio quatro meses depois, em 11 de janeiro de 1992, quando eles atingiram o primeiro lugar da Billboard, destronando Dangerous, de Michael Jackson, cujo hit Black or White dominava o mundo. 

Afinal, como foi que esse trio de desajustados de Aberdeen, Washington, chegou tão longe? Com faixas com letras para lá sinceras, como In Bloom e Come As You Are, o Nirvana antecipava algumas lutas sociais que são travadas ainda hoje. Com o ambiente machista do rock dos anos 1980 ficando para trás, o grupo pregava contra a homofobia e o racismo e apoiava bandas formadas só por mulheres. Em 1993, por exemplo, Kurt Cobain, que costumava se apresentar com jeans surrados e camisetas rasgadas, surgiu usando um vestido floral na capa da revista The Face, num gesto que só agora, 30 anos depois, é visto com mais naturalidade, influenciando até artistas como Harry Styles, que também já apareceu usando vestido.

De uma tacada só, Nevermind renovava o rock, fazendo as espalhafatosas bandas dos anos 1980 parecerem mais ultrapassadas do que nunca e conquistava os fãs de pop, cansados de mega produções. Não por acaso, o músico Corey Taylor, vocalista do Slipknot, classificou o som do Nirvana como hard-punk-fusion-pop. Isso porque o álbum, que apresentou hits incontestáveis como Smells Like Teen Spirit, Lithium, Polly e, claro, Come As You Are, não se parecia nem com hard-rock ou com o pop, mas inaugurava um novo estilo: o grunge. 

Num período pré-redes sociais e internet, o Nirvana se destacou por criticar o endeusamento das celebridades, algo elevado hoje a enésima potência em plataformas como Instagram e TikTok. Cobain dizia que muitas pessoas afirmavam ser seus fãs, mas não entendiam realmente o significado da palavra. Por outro lado, se fosse hoje, talvez o cantor pudesse ter tido um suporte para cuidar de sua saúde mental e lidar com a pressão da fama. O avassalador sucesso do disco cobrou um preço alto demais. O grunge foi seguido por outras bandas da cena de Seattle, como Alice in Chains, Soundgarden e Pearl Jam, mas arrastou Cubain para um abismo psicológico. Embora ainda tenha gravado mais um disco, In Utero, em 1993, Cobain sucumbiu ao peso da fama, e cometeu suicídio em 1994, aos 27 anos. Uma perda até hoje insuperável na história da música.

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