Como Hans Zimmer incluiu Pink Floyd (com louvor) na trilha de ‘Duna’
Em 1970, a banda quase compôs a trilha sonora da adaptação do clássico da literatura jamais feita por Alejandro Jodorwsky
Nos anos 1970, o cineasta chileno Alejandro Jodorwsky se propôs uma missão dificílima e que, posteriormente, se mostrou impossível de ser realizada na época: adaptar para os cinemas o épico Duna, de 1965, escrito por Frank Herbert. Os planos eram tão monumentais quanto o seu elenco, que incluiriam nomes como Moebius, H.R. Giger, Orson Welles, Mick Jagger, David Carradine e Salvador Dali. Mas, o que mais empolgou os fãs na época foi a trilha sonora jamais escrita, que ficaria a cargo da banda Pink Floyd.
Cinquenta anos depois, finalmente uma nova adaptação chegará aos cinemas (em 1984 o filme ganhou uma versão feita por David Lynch), agora dirigida por Denis Villeneuve. E o Pink Floyd será representado. O primeiro trailer, divulgado recentemente, apresentou uma soberba versão de Eclipse, clássico lançado pela banda em 1973, no álbum Dark Side of The Moon. A nova versão, segundo uma reportagem da Variety, foi feita pelo compositor Hans Zimmer, que já ganhou o Oscar de melhor trilha sonora pela animação O Rei Leão (1995).
A liberação para a utilização da música foi feita diretamente pela BMG, que é dona dos direitos. A Variety, o vice-presidente de licenciamento da BMG, Allegra Willis Knerr, disse que o processo de licenciamento envolveu diversos departamentos da empresa, mas não deixou claro se Roger Waters, o compositor da faixa, chegou a ouvir a nova versão.
A prolífica produção de Zimmer começou nos anos 1980, quando ele fez a trilha sonora de Rain Man e recebeu sua primeira indicação ao Oscar. Um ano depois, ele repetiu a dose com a trilha de Conduzindo Miss Daisy. Hoje, aos 63 anos, o alemão de Frankfurt, transformou-se em uma verdadeira unanimidade em Hollywood quando se trata de trilhas sonoras, perdendo em números de prêmios apenas para John Williams. Seu trabalho é bastante eclético e, apenas em 2020, além de Duna, ele também compôs a trilha de 007: Sem Tempo Para Morrer, Mulher Maravilha 1984 e do novo live-action do Bob Esponja. São deles também as trilhas de filmes premiados como Dunkirk, Interstellar, A Origem, Anjos e Demônios, Blade Runner 2049 e Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge.
A apoteótica versão de Zimmer para Eclipse teve um coro de 32 vozes que foi todo gravada com distanciamento social, em oito sessões com apenas quatro vocalistas por vez. Doze deles cantaram as letras enquanto os outros 20 gravaram a parte do coral. Zimmer, no entanto, não foi nenhuma vez para o estúdio. Ele ficou em casa acompanhando tudo por videoconferência.