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Os bastidores do espantoso comercial que reviveu Elis Regina

Desde que foi lançado, o dueto somou mais de 1 milhão de visualizações no YouTube e 650 000 no Twitter

Por Amanda Capuano, Kelly Miyashiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 10h17 - Publicado em 7 jul 2023, 06h00
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  • MÃE E FILHA - Maria Rita e Elis no filme da Volkswagen: viagem altamente emotiva
    MÃE E FILHA - Maria Rita e Elis no filme da Volkswagen: viagem altamente emotiva (VW/Divulgação)

    O vídeo tem apenas dois minutos, mas foi suficiente para sacudir a propaganda brasileira como há muito não se via — e, claro, provocar furor nas redes sociais. Divulgado na última terça, 4, o filme publicitário que marca os setenta anos da Volkswagen no país não fez barulho por pouco: a peça investe numa conexão altamente emotiva entre presente e passado, ao juntar uma mãe e sua filha em versões da velha e boa perua Kombi, no modelo clássico dos anos 1970 e em sua reencarnação elétrica, a ID.Buzz, que será vendida no país em edição limitada pela montadora. Ocorre que a filha em questão é a cantora Maria Rita, atualmente aos 45 anos — e a mãe, ninguém menos do que Elis Regina, ícone incontornável da MPB, morta em 1982, quando a rebenta tinha 4 anos.

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    O dueto póstumo em que ambas entoam Como Nossos Pais, canção de Belchior (1946-2017) imortalizada por Elis, foi possível graças ao uso da inteligência artificial — e causou comoção de imediato. Desde que foi lançado, o comercial somou mais de 1 milhão de visualizações no YouTube e 650 000 no Twitter. A postagem de Maria Rita no Instagram recebeu elogios de famosos como Sandy, Giovanna Ewbank e Maria Gadú. Enquanto acompanhava o presidente Lula na cúpula do Mercosul, em Buenos Aires, a primeira-dama Janja compartilhou o vídeo e se disse emocionada: “7 e pouco da manhã aqui na Argentina e eu me acabando de chorar”.

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    De fato, fazia anos que um comercial não furava a bolha da mera “polêmica” para se converter em assunto do dia entre os brasileiros. A realização impecável e a atmosfera idílica certamente têm peso importante no sucesso. “A publicidade brasileira estava precisando de um trabalho com essa pegada emocional, capaz de encantar as pessoas”, diz Washington Olivetto, profissional renomado do setor. Mas é óbvio que a façanha de reviver Elis Regina de forma tão vívida e hiper-realista na tela é o grande chamariz do pacote. Isso foi possível graças à técnica conhecida como deep fake: as expressões da cantora foram aprendidas e emuladas por um software, e depois aplicadas sobre o rosto de uma dublê. “Elis é a maior voz que esse país já teve, e tem uma filha que dá continuidade a seu legado. Isso nos fez pensar que seria incrível tê-las na campanha”, diz Marco Giannelli, líder da campanha na agência AlmapBBDO.

    CELEUMA - Belchior: uso de canção antiditadura gera debate se ele aprovaria
    CELEUMA - Belchior: uso de canção antiditadura gera debate se ele aprovaria (Paulo Salomão/VEJA)

    A família da artista aprovou o resultado. “Foi tudo feito com carinho e respeito. Emocionou profundamente a Maria Rita e me emocionou também”, diz o produtor João Marcello Bôscoli, filho mais velho da estrela. A viagem nostálgica proporcionada pela IA teve o mérito, ainda, de reavivar a memória musical de Elis, ampliando seu apelo junto à nova geração. Da noite para o dia, a procura pelos discos e canções da artista explodiu em serviços de streaming como o Spotify. Foram 3 milhões de audições em 24 horas — performance puxada por Como Nossos Pais.

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    Para a Volkswagen, a repercussão da campanha não foi menos atraente. Nas redes sociais da companhia, o filme teve 98,5% de menções positivas — resultado considerado excepcional. Ainda que a ideia não tenha escapado de polêmicas: nas redes, houve quem criticasse o fato de que uma empresa que teve laços históricos comprovados com a ditadura pudesse se utilizar da imagem de Elis, notória opositora do regime — e se Belchior aprovaria o uso da sua canção para tal fim, já que ela é também um libelo poético contra os militares. Os herdeiros de Elis minimizam a celeuma. “Ou a gente anda para a frente e perdoa ou vamos fazer uma revisão de tudo”, diz João Marcello Bôscoli.

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    Apesar da enorme e merecida repercussão, a Volks não vai ter ganhos financeiros diretos com a campanha. Só um lote de setenta unidades do produto em destaque, a “nova Kombi”, chegará ao mercado nacional até o fim deste ano. “Não é uma campanha para vender carro, é uma homenagem aos brasileiros, celebrando o passado e projetando o futuro”, afirma Sergio Katz, executivo da AlmapBBDO.

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    Independentemente disso, vale lembrar que não é de hoje o esforço da montadora para achar um substituto por aqui do veículo. O Brasil foi o único país que manteve ativa a linha de produção da Kombi, até encerrá-la em 2013, após quase seis décadas. Nos últimos tempos, mesmo se mostrando antiquado, o carro ainda tinha compradores em razão do preço competitivo. Agora é outra história. Como diz a letra cantada na propaganda por Maria Rita e Elis, o ressurgimento dela no formato elétrico é a prova de que o novo sempre vem, mesmo para quem ama o passado — brilhantemente incensado pela campanha que pagou um belo pedágio à nostalgia.

    Publicado em VEJA de 12 de julho de 2023, edição nº 2849

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