Cineasta que gravava documentário sobre a guerra é morto na Ucrânia
Mantas Kvedaravicius ficou conhecido por filme que retratava a vida dos cidadãos de Mariupol, mesma cidade onde foi assassinado nesse final de semana

O cineasta lituano Mantas Kvedaravicius, que registrou a escalada dos conflitos entre Rússia e Ucrânia em uma série de trabalhos nos últimos anos, foi morto por russos enquanto tentava deixar a cidade Mariupol, informou nesse final de semana o ministro de Defesa ucraniano através do Twitter. Em uma postagem no Facebook, o cineasta russo Vitali Manski informou que o colega foi “assassinado com uma câmera na mão.” Segundo a agência de notícias lituana 15 min, Kvedaravicius chegou a ser levado para o hospital, mas não resistiu aos ferimento.
A notícia da morte provocou uma enxurrada de declarações e postagens nas redes sociais. “Perdemos um diretor muito conhecido na Lituânia e em todo o mundo que, até o último momento, apesar do perigo, trabalhou na Ucrânia ocupada pela Rússia”, disse o presidente lituano Gitanas Nauseda em comunicado. “Mantas Kvedaravicius era um ser humano único. Enlouquecedoramente teimoso; um artista único”, disse Giona A. Nazzaro, diretora do Festival de Cinema de Locarno. Na cerimônia de encerramento do Festival Internacional de Cinema de Vilnius (capital da Lituânia) nesse domingo, Mantas foi homenageado com 1 minuto de silêncio. “Perdemos um diretor que fez um trabalho heroico documentando as atrocidades da guerra”, disse o diretor do festival, Algirdas Ramaška.
Conhecido pelo documentário Mariupolis, lançado no festival de Berlim em 2016, o diretor retratou no trabalho a vida de cidadãos ucranianos sitiados na cidade por combatentes apoiados pela Rússia em 2014. Em 2011, ele também marcou presença no festival com o filme Barzakh, filmado na Chechênia após a guerra com as forças russas – filme que foi premiado pela Anistia Internacional no Berlinale daquele ano. Mais recentemente, em 2019,fez sua primeira incursão na ficção com o filme Parthenon, lançado no Festival de Veneza. “Mantas era como um vidente. Ele sabia o que estava por vir e decidiu que queria ver de perto”, disse a diretora do Festival de Locarno.