Cinco momentos em que o ‘Jornal Nacional’ virou notícia
Em meio século de existência, o noticiário se destacou não apenas por suas reportagens, mas também pelas vezes em que se tornou manchete em outros veículos
No dia 1º de setembro de 1969, estreava o primeiro telejornal do Brasil a ser transmitido em rede, o Jornal Nacional, da Rede Globo. De lá para cá, o noticiário se consolidou como o mais popular do país. Nesses 50 anos, o programa se destacou não somente por suas reportagens, mas também pelas vezes em que o próprio jornal se tornou a notícia.
Como parte da comemoração, VEJA criou uma enquete para eleger quem, dentro desses 50 anos de existência, foi o melhor apresentador do telejornal. Com 62% dos votos, o público escolheu o jornalista e apresentador, Cid Moreira. Com 91 anos, ele foi o primeiro a comandar a bancada do jornal e dar o tão famoso: “Boa noite”.
Relembre momentos marcantes do telejornal a seguir:
Assassinato de Tim Lopes
Em 9 de junho de 2002, o jornal dedicou 25 minutos à memória de Tim Lopes, jornalista investigativo conhecido por suas reportagens de denúncias. Lopes investigava casos de prostituição infantil e tráfico de drogas em bailes funk na Penha, zona norte do Rio de Janeiro, quando desapareceu. Uma semana depois, a investigação concluiu que o jornalista fora capturado, torturado e executado por traficantes a mando de Elias Pereira da Silva, mais conhecido como “Elias Maluco”, um dos comandantes do tráfico local. Na ocasião, William Bonner não desejou seu tradicional “boa noite” e tampouco encerrou o jornal de modo silencioso. “Os traficantes que o mataram interromperam seu plano e devem estar acreditando que calaram sua voz. Estão errados. Sua voz será ouvida cada vez mais alta”, afirmou o jornalista. “Em vez do silêncio, o nosso aplauso”, completou, puxando uma salva de palmas em homenagem ao colega.
Nascimento de Sasha Meneghel
Nasce uma estrela: Sasha Meneghel, filha da apresentadora Xuxa com o então namorado, Luciano Szafir, ganhou nove minutos e meio de estrelato no telejornal por ocasião de seu nascimento. A reportagem, de julho de 1998, mostrou o grande dia em detalhes, com direito a visita ao quarto cor de rosa da criança, homenagem dos fãs em frente à clínica, filmagens exclusivas da chegada da “rainha dos baixinhos” e uma entrada ao vivo de Roberto Kovalick com Szafir na maternidade. O noticiário ainda acompanhou de perto o primeiro banho do bebê, considerado “o mais famoso do Brasil” à época.
O corte de cabelo de Fátima Bernardes
A dois meses das eleições presidenciais de 2002, não era a política que dominava os debates brasileiros, mas sim um fato inusitado: o novo cabelo de Fátima Bernardes. De madeixas alisadas, a âncora do Jornal Nacional surpreendeu o público após se submeter a um alisamento japonês – procedimento recém-chegado ao país cujo valor girava em torno de 1.500 reais, quase oito vezes mais que o salário mínimo da época. Doze anos depois, no comando do programa Encontro, Fátima relembrou o episódio com uma parcela de vergonha. “Eu me sentia de touca. É inesquecível para mim. Não há o que fazer, eu fui cortando o cabelo para sair o procedimento.”
Duas apresentadoras
A bancada do Jornal, sempre composta por um casal de apresentadores, sofreu uma mudança importante em uma edição de 2014. Por ocasião do Dia Internacional da Mulher, Sandra Annenberg e Patricia Poeta quebraram a tradição e apresentaram o telejornal em conjunto – esta foi a primeira vez na história em que duas mulheres ocuparam o posto simultaneamente.
Primeira entrada ao vivo
O noticiário inovou ao realizar a primeira entrada ao vivo da televisão brasileira em julho de 1977. A escolhida para o marco foi Glória Maria, que informou o público sobre um engarrafamento na Avenida Brasil, uma das principais vias do Rio de Janeiro. “Era oito, sete da noite. O que a gente vai fazer? Aí decidiram lá, todo mundo, ‘vamos então fazer o engarrafamento na Avenida Brasil porque é uma coisa que não tem como errar’”, contou a jornalista anos depois. No entanto, três minutos antes de ir ao ar, o equipamento de luz falhou e o cinegrafista Roberto Padula, então, improvisou ao utilizar os faróis do carro de reportagem para iluminar a repórter.