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Chris Pratt: do gordinho da comédia ao galã do blockbuster

Como o ator que iniciou carreira de forma até despretensiosa fez as escolhas certas para, sem perder o carisma que hoje dá valor aos astros em Hollywood, se tornar o nome da vez da indústria do cinema americano

Por Mariane Morisawa, de Los Angeles
Atualizado em 5 jun 2024, 01h33 - Publicado em 13 jun 2015, 08h44
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  • Hollywood adora uma história de Cinderela. A favorita do momento é a de Chris Pratt, 35, um ex-gordinho engraçado que ganhou um abdômen sarado e virou herói de filmes de ação como Guardiões da Galáxia, de James Gunn, em que interpretou Star Lord (Senhor das Estrelas), e agora Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros, de Colin Trevorrow, a retomada da franquia iniciada em 1993 por Steven Spielberg, com Jurassic Park. Na produção, que se passa 22 anos depois do primeiro filme da série, o parque está em pleno funcionamento, gerenciado pela executiva Claire (Bryce Dallas Howard). Pratt interpreta Owen, par romântico de Claire e treinador dos temíveis velociraptors. Mas eles são fichinha perto da nova atração do lugar, o Indominus rex, um híbrido criado em laboratório a partir de dinossauros diferentes e, que, claro, começa a causar problema bem quando os dois sobrinhos da executiva, Zach (Nick Robinson) e Gray (Ty Simpkins), aparecem para visitá-la.

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    O primeiro papel de destaque de Chris Pratt foi como um adolescente no seriado de televisão Everwood (2002-2006). Depois, fez o ativista Che na série The O.C. (2006-2007) e participações pequenas em O Procurado (2008), com James McAvoy e Angelina Jolie, e na comédia Noivas em Guerra (2008), no papel do futuro marido de Emma (Anne Hathaway). As coisas começaram a mudar em 2009, quando ele entrou no elenco de Parks and Recreation, ao lado de Amy Poehler e Rob Lowe. Na série cômica, que teve a sua última temporada exibida neste ano, interpretava Andy, um funcionário meio bobalhão e definitivamente fora de forma da repartição pública responsável pelos espaços de lazer da pequena cidade de Pawnee. Por causa de Parks and Recreation, ficou conhecido como ator cômico. Mas também começou a ganhar projeção.

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    No cinema, paralelamente, conquistava o papel de coadjuvante em comédias como Qual Seu Número? (2011), em que atuou ao lado da mulher, Anna Faris, e do amigo Chris Evans (Capitão América), e Cinco Anos de Noivado (2012), com Jason Segel e Emily Blunt.

    Para não ficar preso a personagens cômicos, Pratt buscava papéis diversificados e de vez em quando emplacava participações pequenas em filmes sérios de diretores bacanas: foi um jogador de beisebol em Moneyball – O Homem que Mudou o Jogo (2011), dirigido por Bennett Miller e estrelado por Brad Pitt, e um dos membros das Forças Especiais da Marinha americana que mataram Osama Bin Laden em A Hora Mais Escura (2012), de Kathryn Bigelow.

    Foi para atuar nesses longas que o ator entrou em forma pela primeira vez, mostrando, no campo estético, que poderia ser mais que um rostinho bonitinho. Mas durou pouco. Pratt fez regime sem acompanhamento e engordou tudo de novo e mais um pouco antes de fazer um advogado largado, pai de quatro filhos, na comédia De Repente Pai (2013), em que rouba a cena do protagonista Vince Vaughn.

    Estava tão rechonchudo que James Gunn, diretor de Guardiões da (2014), não queria nem encontrá-lo. Só marcou uma reunião por insistência de sua diretora de elenco. Mas bastaram 20 segundos para que o cineasta se convencesse de que Chris Pratt, mesmo acima do peso, era o homem certo para viver Peter Quill, ou, como se autodenomina, Star Lord (Senhor das Estrelas). Foi o primeiro papel principal da carreira de Pratt – sem contar, é claro, o Emmet da animação Uma Aventura Lego (2014), de Phil Lord e Christopher Miller, a quem deu voz.

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    Para assumir a silhueta de super-herói, Pratt enfrentou cinco meses e meio de dieta e exercícios. Valeu a pena. No final, tinha perdido 27 quilos e ganhado bíceps definidos e um abdômen do tipo tanquinho. E bem mais do que isso. O sucesso de Guardiões da Galáxia e Uma Aventura Lego – respectivamente a terceira e a quinta maiores bilheterias dos cinemas americanos no ano passado – alçou Pratt à categoria de astro do momento, com direito a apresentar categoria na cerimônia de entrega do Oscar.

    Jurassic World, para o qual foi escalado antes mesmo da estreia de Guardiões da Galáxia, é seu terceiro potencial blockbuster em sequência, com previsão de arrecadar 155 milhões de dólares na sua estreia nos Estados Unidos, neste fim de semana. Além de bom ator, do tipo que chama a atenção mesmo em papéis pequenos, Pratt tem carisma de sobra e aquele jeito “gente como a gente” que são fundamentais para os astros de Hollywood hoje. Sem falar no físico agora sarado. A combinação tem dado certo e enchido a agenda do ator. Ele agora está rodando uma refilmagem de Sete Homens e Um Destino, dirigida por Antoine Fuqua, e pode fazer Indiana Jones no próximo filme da franquia. Não há nem roteiro ainda, e o ator garante que não houve nenhuma conversa a respeito. Mas, se depender da vontade do povo, ou seja, da internet, ele já pode ir treinando com chicote. Como Steven Spielberg também é produtor de Jurassic Park, é mesmo de supor que ele conte com alguma vantagem.

    Acha que sobreviveria no Jurassic World? Quero crer que teria mais chance do que boa parte das pessoas (risos). Mas quem sabe? Se o Indominus rex te escolher, já era. Você precisa ter sorte para sobreviver no parque.

    Seria bom em adestrar animais como seu personagem? Acho que não, a não ser que eu passasse a vida toda treinando. Ninguém poderia fazer aquilo com um velociraptor.

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    E com animais comuns? Sou OK. Tenho um cachorro. Mas o que estou falando? Ele faz xixi nas nossas cortinas (risos). Não, não sou muito bom com animais (risos).

    Gosta de fazer esses blockbusters? Sim. São gigantes, trabalho constante, o pagamento é bom. E eu gosto dos desafios físicos. Para mim, preenche todos os requisitos. Embora as filmagens durem muito e sejam detalhistas, eu curto. Quando você está exausto fisicamente, há cenas mais dramáticas. Mas também tanto Jurassic World quanto Guardiões da Galáxia não são simplesmente filmes de ação. Há espaço para uma atuação mais nuançada, para se divertir, trabalhar com grandes atores e explorar relacionamentos verdadeiros. Não gostaria de fazer blockbusters simples, em que você se posiciona na sua marca e fala. Mas esses filmes são mais do que isso.

    Acredita que o público está mais sofisticado nesse sentido? Sim. Os gostos mudam e ficam mais refinados. Não só do público doméstico, mas no mundo todo, no Brasil, por exemplo. Os consumidores estão mais exigentes, especialmente os de entretenimento. Você sempre precisa oferecer mais e superar o que veio antes.

    Quando começou a atuar, achou que sua carreira seguiria por esse caminho? Nunca soube direito aonde iria em termos de carreira. Só queria continuar atuando e não ter de arrumar outro trabalho. Não tinha outra fonte de renda, tinha de dar certo como ator. Não sabia em que termos, mas imaginava que continuaria trabalhando.

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    Você estava fazendo basicamente comédias e teve uma virada de 180 graus, algo que não é tão comum em Hollywood. Deve estar orgulhoso. Acho que foi uma boa decisão (risos). Sinto orgulho, sinto-me bem. É um momento legal, um capítulo interessante.

    Como sua mulher, a atriz Anna Faris (do seriado Mom), reagiu às mudanças? Ela tem orgulho, somos parceiros nesse negócio todo. É incrível estar com ela. Há certas coisas que não dá para imaginar quando algo assim acontece com você. Por exemplo, questionar as novas pessoas em sua vida. Por que essa pessoa está me dando essa atenção agora? Fico feliz que ela estava comigo antes de tudo isso acontecer. Ela me amava quando eu pesava 140 quilos, me dava comida com satisfação, beijava seu marido gorducho. Vemos tudo isso com espanto, mas sabemos que um dia vai acabar. Vamos sair dessa estrada juntos e olhar para trás e morrer de rir.

    Como é sua rotina de exercícios e dieta? Estou trabalhando com entrega de comida saudável. Estou filmando agora e durante essa rodada de imprensa saí da dieta algumas vezes e tomei mais bebidas alcoólicas do que deveria. Mas normalmente consumo comida sem sal, sem derivado de leite, sem muito tempero, em pequenas porções, que são entregues onde eu estiver. Consumo umas 2.400 calorias por dia. Tudo balanceado, saudável, em pequenas porções. Nenhuma comida processada. Às vezes, um pouco de arroz ou uma batata. Só vegetais, uma carne. Estou caindo no sono só de me ouvir falar dessa dieta… (risos) É um horror. Para mim, é como ir ao posto de gasolina e colocar 4 dólares de combustível, só o suficiente para chegar ao próximo posto (risos). Nunca posso me sentar e comer até passar mal.

    Talvez você possa fazer, mas não acho que vai se sentir bem depois. Eu me dou o direito de ter algumas refeições fora da dieta, de vez em quando. Aí como o que quero em um jantar.

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    Qual é sua comida preferida quando sai da dieta? Tequila (risos)! Uma garrafa de tequila para o jantar (risos)!

    Fica mais fácil lidar com a fama depois dos 30? Com certeza. Ganhei perspectiva porque estou fazendo isso há 15 anos, aprendi a lidar com o que está acontecendo na minha carreira e na minha vida. Vejo garotos que ficam famosos muito rapidamente e ainda não desenvolveram as ferramentas para lidar com isso. Eu tive a experiência antes, porque vi minha mulher ficar muito famosa de repente. Foi um bom aprendizado.

    Parece que esta é a era das estrelas gente como a gente. Por exemplo, as pessoas curtem a Jennifer Lawrence porque ela é pateta, tropeça no tapete vermelho, mas ainda assim é uma estrela. É uma época diferente, sem dúvida. Na era do cinema mudo, você precisava ser expressivo, e a câmera precisava gostar de você. Não importava a sua voz, a sua personalidade. Aí veio o som, e alguns daqueles atores não sobreviveram, porque a voz era estranha, os sotaques eram fortes. É a mesma coisa agora. Existe esse novo elemento para as celebridades e atores de cinema: sua personalidade está à mostra. Você ouve histórias mais antigas sobre gente que era péssima, tratava mal os fãs, a imprensa, os colegas de trabalho. E isso não importava, o estúdio protegia. Seu comportamento pessoal não era exposto. Hoje em dia, se alguém for um imbecil, uma pessoa detestável, não tem espaço. Os consumidores têm opção. Não acho que dê para fingir ser uma pessoa legal ou genuína. Você é ou não é, e que o público hoje em dia gosta de quem é genuíno.

    Muita gente no meio não gosta das redes sociais. Por que gosta de estar nelas? Originalmente, eu as usava como plataforma para comédia. Para contar piadas. Aí, percebi que estava dando minhas piadas de graça. Agora coleciono minhas piadas em um arquivo, tenho um monte. Na época em que tomei essa decisão, comecei a ficar um pouco mais conhecido, então foi uma boa forma de promover meus filmes e ações filantrópicas. Com um tuite, consigo arrecadar centenas de milhares de dólares. É ótimo ter poder e influência. Não sei por que alguém não faria isso.

    Seus colegas de elenco, Nick Robinson e Ty Simpkins, disseram que você seria um excelente Indiana Jones. Alguma notícia sobre isso? Não sei de nada. Só sei que Nick e Ty são garotos muito astutos e inteligentes (risos). Se por acaso um dia tiver chance de fazer, minha abordagem vai ser a mesma que tive com Jurassic World: seria muito empolgante, mas, como fã, quero que seja algo realmente legal.

    Hoje em dia, você tem mais escolhas. É difícil selecionar o que vai fazer em seguida? É incrível ter acesso ao melhor material. Tem muita coisa boa. Posso ter oportunidade de fazer filmes incríveis. Claro que há muita responsabilidade, porque, se não funcionar, a culpa é minha. Dá medo, mas foi para isso que vim para Los Angeles. Tenho tentado convencer as pessoas de que posso fazer isso há muito tempo, só não havia tido a chance de provar.

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