Cerimônia do Grammy surpreende com shows memoráveis em plena pandemia
Premiação tinha tudo para se transformar em uma grande e chatíssima live, mas acertou ao se transformar em uma celebração da música
A 63ª edição do Grammy tinha tudo para ser a mais chata e sem graça da história. Feita em plena pandemia e premiando discos lançados durante o confinamento, a festa prometia se transformar em uma longuíssima live com artistas se revezando em apresentações pouco inspiradas. E, no entanto, ela foi o oposto disso. Com uma direção excepcional e um elenco de artistas afinados, a festa voltou a ser o que era: uma celebração da música. Logo nos primeiros minutos de apresentação, o mestre de cerimônias Trevor Noah surgiu em um imenso galpão com palcos individuais, onde cada artista faria o seu show. Sem enrolação, Harry Styles, Billie Eilish e o trio Haim intercalaram suas performances. Na sequência, veio Dua Lipa e Black Pumas, não dando tempo para ninguém respirar.
A sacada dos organizadores foi não transformar o Grammy em uma massante entrega de prêmios ao criar um evento mais musical e menos formal. Não por acaso, o anúncio ao vivo do primeiro vencedor da noite só foi ocorrer depois de 30 minutos de transmissão. Veja aqui os premiados. Além disso, mais da metade dos 84 ganhadores foram anunciados previamente, deixando a surpresa apenas para as principais categorias da noite.
Não parecia uma tarefa fácil, mas a premiação entregou vários shows realmente marcantes. Entre os destaques estão Taylor Swift, que tocou em um deslumbrante cenário de floresta, o Black Pumas, que foi perfeito na execução da canção Colors, e a cantora Brittany Howard, que interpretou You’ll Never Walk Alone, em homenagem Gerry Marsden, líder do Gerry & The Pacemakers, que morreu em janeiro de 2021. Direto de Seul, na Coreia do Sul, o grupo BTS também fez uma apresentação ao vivo, em um cenário idêntico ao montado pela produção do Grammy em Los Angeles.
A maior surpresa da noite, no entanto, foram os quatro troféus que Beyoncé ganhou, totalizando 28 estatuetas, tornando-se a mulher mais vitoriosa da história da premiação. Mas teve também prêmios para Taylor Swift, Megan Thee Stallion, Harry Styles, Billie Eilish, Fiona Apple e até para Kenye West (que não foi na festa), mas venceu na categoria álbum cristão contemporâneo com Jesus is King.
Mesmo com as pouquíssimas entregas de troféus, ao todo, a transmissão teve três horas de duração, sendo a maior parte dela preenchidas por apresentações musicais. Mesmo quando chegava a hora da entrega dos prêmios, a dinâmica não foi chata. Tudo acontecia em um palco montado no alto de um prédio, em uma área completamente arejada e com pouquíssimas mesas. Na hora do discursos, era até possível ouvir barulhos de carros e buzinas, vindo do movimento das ruas lá embaixo, no centro de Los Angeles, em frente ao ginásio do Staples Center. O lugar contou com pouquíssimas mesas e somente os indicados ficavam sentados por ali, intercalando seus lugares com os próximos indicados.
Com este acerto, o Grammy provou que é possível fazer premiações divertidas e interessantes, mesmo durante a pandemia. Fica o desafio para que o Oscar, que acontece em 25 de abril, consiga superar e entregar uma cerimônia à altura.