A atriz francesa Catherine Deneuve lamentou neste domingo que o artigo assinado por ela e outras artistas do país tenha sido mal-interpretado e pediu desculpas às vítimas de assédio sexual que se sentiram ofendidas. “Evidentemente nada no texto pretende apresentar o assédio como algo bom. Se fosse assim, não o teria assinado”, disse a estrela de filmes como A Bela da Tarde (1967) em um artigo publicado neste domingo pelo jornal francês Libération.
Deneuve lamentou que o manifesto publicado no início desta semana pelo Le Monde – uma defesa da “paquera insistente” e do “direito de importunar”, contra o “puritanismo” das feministas – tenha sido mal-interpretado. “Dizer em uma emissora televisão que é possível ter um orgasmo durante um estupro é pior que cuspir na cara de todas aquelas que sofreram esse crime”, afirmou a atriz, em referência às declarações da apresentadora Brigitte Lahaie.
A atriz disse que apoiou o texto contra o “puritanismo” por discordar da simplicidade da discussão e do “efeito manada” provocado por movimentos como os surgidos em protesto contra os graves abusos cometidos pelo produtor americano Harvey Weinstein.
“Eu amo a liberdade. Não gosto desta característica de nossa época em que todos se sentem no direito de condenar. Uma época em que uma simples denúncia nas redes sociais leva a punição, demissão e frequentemente linchamento midiático”, escreveu, reivindicando também ser tratada como feminista, ao lembrar que foi uma das mulheres que assinaram o manifesto pró-aborto escrito por uma das figuras centrais do movimento, Simone de Beauvoir. “Saudações com fraternidade a todas as vítimas de atos repugnantes que possam ter se sentido ofendidas por esse texto no Le Monde. É a elas, e unicamente a elas, a quem peço desculpas”, concluiu a atriz.
(Com EFE)