Avatar do usuário logado
Usuário
OLÁ, Usuário
Ícone de fechar alerta de notificações
Avatar do usuário logado
Usuário

Usuário

email@usuario.com.br
Esquenta Black Friday: Assine VEJA por 7,99/mês

Carrie, a Estranha: os 50 anos da obra de Stephen King que mudou o terror

Primeiro romance publicado pelo autor rapidamente se tornou líder de vendas e marcou a história da literatura e do cinema de horror

Por Thiago Gelli Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 8 Maio 2024, 13h29 - Publicado em 5 abr 2024, 15h36

Há exatos cinquenta anos, em 5 de abril de 1974, a editora Doubleday apostou em um autor do interior americano que nunca havia publicado nenhum romance. Stephen King, então aos 26 anos, havia encerrado os estudos acadêmicos quatro anos antes e escrevia contos para revistas locais e nacionais até ser motivado por um amigo a inventar uma protagonista feminina. Jovem e com as memórias do ensino médio frescas, King se inspirou em antigas colegas e assim nasceu o terror de todo baile de formatura: Carrie White, patinho feio com uma mãe problemática e poderes telecinéticos ou, simplesmente, Carrie: A Estranha.

 

Desprezada pelos adolescentes ao redor em plena puberdade, a personagem não se sente confortável na escola e, quando chega em casa, tem de lidar com a mãe fanática religiosa, que a prende em um pequeno armário para punir transgressões — que vão de conflitos diretos até repreensões morais descabidas, como a repulsa à menstruação da menina ou a qualquer demonstração de sensualidade. A repressão acachapante jamais cessa e, assim, Carrie passa espontaneamente a mover coisas com sua mente, não muito diferente da Matilda de Roald Dahl. O que poderia ser a resposta para seus problemas, porém, acaba resultando em chacina quando as patricinhas do colégio decidem fazer uma pegadinha com a protagonista, a banhando em sangue de porco no palco do baile escolar. 

Hoje um clássico, a história vendeu 1 milhão de cópias em seu ano de publicação e é conhecida por qualquer um que saiba algo de Stephen King ou de cinema, para o qual foi adaptada três vezes, em 1976, 2002 e 2013. Mais notória que qualquer outra, a versão original de Brian de Palma entrou para a história do terror graças à maestria de seu diretor, à trilha sonora de Pino Donaggio e às atuações de Piper Laurie e Sissy Spacek, logo alavancada à condição de estrela da década. O legado mais duradouro da obra, porém, é a carreira do próprio King, que em seu primeiro livro estabeleceu a marca inconfundível que o transformaria em um dos escritores de maior sucesso do século XX.

Carrie já demonstra a aptidão de King, hoje aos 76 anos, para tecer redes narrativas expansivas, que levam a dor individual a afetar os arredores bucólicos e isolados, geralmente situados dentro do estado natal do escritor, o Maine. Além da ambientação, as próprias tribulações juvenis são tema recorrente em sua obra, que utiliza crianças e adolescentes para representar a perda de inocência e imaginação em exemplares como It: A Coisa, O Corpo, O Iluminado, O Cemitério e dezenas de outros. A própria fantasia desinibida é grande mérito de King, que não busca intelectualizar o gênero. Em cinquenta anos, seus escritos abrangem telecinesia, vampiros, zumbis, fantasmas, alienígenas, lobisomens, carros possuídos e muito mais. Mais assustador que qualquer poder do Além, entretanto, são os humanos: a própria mãe de Carrie, Margaret White, a maníaca obsessiva Annie Wilkes de Misery ou os civis de O Nevoeiro

Continua após a publicidade

Ao todo, o legado de cinco décadas é composto por mais de 65 romances, 200 contos e 5 livros de não-ficção. No cinema, o efeito dominó gerou mais de 100 filmes, e dos futuros projetos de Hollywood, 25 são adaptações de King. A série Castle Rock, transmitida entre 2018 e 2019, até ousou firmar um “King-verso”, cruzando personagens de toda sua obra em uma cidadezinha sinistra. 

Continua após a publicidade

Mestre inegável do gênero, o autor diz nem acreditar que está vivo para testemunhar o cinquentenário das páginas que começaram tudo, mas já beira o impossível imaginar um mundo livre de sua presença. Aos 76 anos, histórias inéditas seguem jorrando de dentro do americano com a mesma pulsão de sua juventude, e contadores de história ao redor de todo o globo recorrem a ele como guia — dono de conselhos valiosos concentrados no livro Sobre a Escrita, de 2000. Meio século depois, Carrie continua tão assustador e certeiro quanto em sua primeira publicação, envolto por um mundo ainda repleto de extremismo religioso e repressão feminina — e de leitores sedentos por boa prosa. Enquanto tal sede persistir, King permanecerá onipresente.

Acompanhe notícias e dicas culturais nos blogs a seguir:

Tela Plana para novidades da TV e do streaming
O Som e a Fúria sobre artistas e lançamentos musicais
Em Cartaz traz dicas de filmes no cinema e no streaming
Livros para notícias sobre literatura e mercado editorial

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

OFERTA CONTEÚDO LIBERADO

Digital Completo

A notícia em tempo real na palma da sua mão!
Chega de esperar! Informação quente, direto da fonte, onde você estiver.
De: R$ 16,90/mês Apenas R$ 1,99/mês
ECONOMIZE ATÉ 47% OFF

Revista em Casa + Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada revista sai por menos de R$ 7,50)
De: R$ 55,90/mês
A partir de R$ 29,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$23,88, equivalente a R$1,99/mês.