O espanhol Carlos Ruiz Zafón, autor do best-seller A Sombra do Vento, morreu nesta sexta-feira, 19, aos 55 anos em Los Angeles. Ele lutava contra um câncer de intestino desde 2018. Quem confirmou o falecimento foi a editora Planeta, publicadora oficial de Zafón na Espanha, em comunicado: “Hoje um dos melhores romancistas contemporâneos nos deixou, mas seguirá muito vivo entre todos nós por meio de seus livros.”
Considerado o autor espanhol mais lido desde Cervantes, Zafón nasceu em Barcelona e publicou seu primeiro livro, O Príncipe da Névoa, aos 30 anos, depois de abandonar uma carreira na área de publicidade. O autor conquistou o estrelato ao lançar A Sombra do Vento em 2001, o primeiro da tetralogia O Cemitério dos Livros Esquecidos, saga que terminou em 2016, dois anos antes do diagnóstico de câncer.
Traduzida para quase 50 idiomas, a obra é tida como o primeiro best-seller espanhol da geração de Zafón. Suspense ambientado em Barcelona, A Sombra do Vento segue Daniel, um garoto que, ao ser levado ao Cemitério dos Livros Perdidos, tenta desvendar o mistério que cerca o autor ficcional Julian Carax. Seu trecho mais emblemático foi citado no comunicado da editora Planeta: “Cada livro, cada volume que você vê, tem alma. A alma de quem o escreveu e a alma dos que leram, viveram e sonharam com ele.”
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Clique e AssineNo anúncio do quarto volume da saga, O Labirinto dos Espíritos, o autor explicou o porquê de nunca ter aceitado ofertas para adaptar a história da mágica biblioteca ao cinema, alegando que, para ele, os livros eram “uma homenagem à literatura, à palavra escrita. Seria uma traição transformá-los em obras para o cinema ou para a televisão”. Ele ainda disse que a tetralogia foi tudo que ele sempre sonhou: “São livros do meu próprio mundo, que falam de escrever e ler. Eu quis explorar o processo criativo do ato de contar uma história, e isso me permitiu entender muitas coisas sobre mim mesmo. Não sei se estou mais sábio, mas me sinto em paz comigo mesmo.”
Em outra ocasião, Zafón escreveu que ele sentiu não ter tido outra escolha a não ser escrever: “Às vezes me perguntam que conselho eu daria para quem aspira ser um autor. Eu digo que você só pode se tornar um escritor se a possibilidade de não ser o mataria. Do contrário, você estaria melhor fazendo qualquer outra coisa. Me tornei escritor, um contador de contos, porque teria morrido, ou até sofrido coisa pior, caso não tivesse.”