Nesta segunda-feira, 27, o cantor de R&B R. Kelly, de 54 anos, foi considerado culpado pelo crime de tráfico sexual de mulheres e meninas menores de idade. Em julgamento há seis semanas, ele respondia por crime organizado e oito violações da Lei Mann, que veta o transporte de pessoas para além de limites estaduais por razões sexuais. O júri do tribunal federal do Brooklyn, em Nova York, o condenou em todas as nove acusações, e a sentença será proferida em maio do ano que vem.
Segundo o jornal The New York Times, o cantor ficou sem reação ao receber o veredito. O júri de 12 pessoas, em deliberação desde sexta-feira passada, o considerou líder do esquema que recrutava moças para atividades sexuais. Ao longo do julgamento, promotores expuseram detalhes da rede de tortura e abuso, datada entre 1994 e 2018, com quase 50 pessoas chamadas para testemunhar contra R. Kelly. Entre elas, nove mulheres e dois homens o acusaram de abuso sexual. A defesa do cantor, agora “desapontada” com o veredito, havia centrado esforços em convencer o júri de que as relações tinham sido consensuais. Ele já havia evitado uma condenação em 2008, quando foi inocentado de 14 crimes de pornografia infantil.
Conhecido pelo sucesso mundial I Believe I Can Fly, o artista de nome completo Robert Sylvester Kelly é uma das figuras mais proeminentes a ser enquadrada pelo movimento #MeToo, que, depois de abrir espaço para que antigas vítimas se manifestassem contra o magnata da indústria cinematográfica Harvey Weinstein, agora atrás das grades, também tem se voltado ao mundo da música. Esse é o primeiro julgamento em que a grande maioria dos réus era de mulheres negras – um teste da inclusão do movimento que responsabiliza homens poderosos por má-conduta sexual.