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Bruno Garotti, o nome por trás dos sucessos juvenis do cinema nacional

O carioca de 35 anos escreveu e dirigiu as últimas grandes bilheterias do gênero e é queridinho de astros e autores. Agora, estende seu reinado à Netflix

Por Eduardo F. Filho Atualizado em 30 abr 2020, 19h52 - Publicado em 30 abr 2020, 17h34
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  • Filmes juvenis de sucesso protagonizados por estrelinhas de novelas do SBT, youtubers e influencers ditos “mirins”. Nos últimos anos, dificilmente alguém deixou de notar a existência desse filão tão lucrativo, seja como espectador ou seja como pai, mãe ou tio(a) inevitavelmente obrigado a se versar nessas atrações. Pois o responsável maior por essa tendência tem nome e sobrenome: Bruno Garotti. O roteirista e diretor carioca de 35 anos é o mais requisitado – e festejado – realizador do ramo hoje. Nesta quinta-feira, 30, ele estende seu reinado ao streaming com Ricos de Amor, seu primeiro filme original na Netflix

    Em 2014, então aos 29 anos, ele começava a dar os primeiros passos como assistente de direção quando foi chamado pelo consagrado Daniel Filho para ser assistente de direção do filme Confissões de Adolescente, baseado no livro homônimo de Maria Mariana – sucesso como peça de teatro e série da TV Cultura, nos anos 1990. Na época do lançamento, o longa alcançou a sétima posição entre os títulos nacionais mais assistidos no cinema, somando mais de 800.000 pagantes e 8,6 milhões de reais em bilheteria. “Foi trabalhando nesta produção que eu fiquei com vontade de dirigir filmes nessa pegada mais jovem. Me sentia muito próximo desse público. Eu tinha lido os livros e assistido à série Confissões. Sentia-me como parte do elenco”, relembra Garotti.

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    Desde muito jovem, ele sempre gostou de escrever e decidiu fazer faculdade de cinema, pois queria escrever roteiros para filmes. A entrada nos sets de filmagens “não foi nada planejada”. Na época, as câmeras digitais começavam a surgir, o que tornou possível fazer produções independentes e baratas. De estágio em estágio, ele foi conhecendo os profissionais do mercado, até que foi apresentado a Daniel Filho. Ambos trabalharam juntos em Se Eu Fosse Você 2, Linda de Morrer, Tempos de Paz, Chico Xavier e na minissérie da Globo As Brasileiras. “Eu o vejo como uma pessoa que, mesmo aos 82 anos, sempre tenta experimentar gêneros novos. Daniel é bom na comédia, no drama – no ano passado, trabalhamos juntos em um filme policial. Essa inquietação me inspira. Ele me ensinou a nunca ficar na minha zona de conforto, sempre me reinventar e inovar”, afirma o diretor.

    Garotti saltou dessa parceria privilegiada para se tornar a referência dos filmes jovens atuais. Os últimos sucessos de bilheteria no Brasil neste segmento são de sua direção: Eu Fico Loko (2017), baseado nos livros biográficos do youtuber Christian Figueiredo (mais de 600.000 ingressos vendidos); Tudo por um PopStar (2018), adaptação do livro de Thalita Rebouças (mais de 1,2 milhão de ingressos); e Cinderela Pop (2019), filme estrelado por Maisa Silva e Filipe Bragança (pouco mais de 500.000 ingressos vendidos).

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    A qualidade geral dessas novas produções juvenis é sofrível – perto de um Confissões de Adolescente, seus enredos são de uma puerilidade sem fim. Mas é inegável seu apelo – e, mais ainda, a dificuldade de dominar a arte de falar com esse público. Dentro da estreita faixa de idade que vai dos 12 aos 15 anos, cabem turbilhões de gostos e objeções típicas de cada fase do amadurecimento juvenil. “Eu adoro filme jovem, mas não acredito que ele seja uma receita para sucesso de bilheteria. Este tipo de filme entra em nichos muitos específicos. Se o espectador é criança, não quer ver certas coisas – ou os pais não permitem porque o filho não está maduro o suficiente. Se são adolescentes, não estão mais interessados em outros temas e acabam esperando o filme chegar nas plataformas online para assistir em vez de ir ao cinema”, diz Garotti.

    Com quase todos os cinemas brasileiros fechados em razão da pandemia de Covid-19, Garotti agora encontra no streaming uma nova vitrine para seus filmes. Ricos de Amor é uma trama romântica recheada de clichês, mas que diverte o espectador, além de tocar em temas atuais como a meritocracia, o assédio e a discriminação. O filme conta a história do jovem Teto (Danilo Mesquita), filho de um empresário do ramo alimentício que cresce sendo mimado e rodeado de privilégios. O jovem acaba se apaixonando por Paula (Giovanna Lancellotti), uma estudante de medicina sem nenhum privilégio e que batalha muito para conseguir atingir seus objetivos. A partir do encontro dos dois, Teto começa a avaliar seu crescimento como ser humano e o rumo que sua vida está levando.

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    Bruno Garotti e o ator Danilo Mesquita durante as gravações de ‘Rico de Amor’ (Mariana Vianna/Netflix)
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    Mesmo no meio da quarentena, Garotti não deixa de visitar a ilha de edição de Diários de Intercâmbio, seu próximo filme para os cinemas – programado para estrear em outubro deste ano, se o coronavírus deixar. A comédia adolescente narra a jornada de duas amigas que, depois de passarem aperto no Brasil, viajam para os Estados Unidos para fazer intercâmbio se hospedando em casas de família e trabalhando como babás. As protagonistas serão vividas por duas estrelas de peso: Larissa Manoela e Tati Lopes. Ao menos até a próxima moda juvenil, todos caminhos convergem para Bruno Garotti.

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