A que se deve seu chá de sumiço de mais de dez anos? Eu queria ter uma rotina familiar. Gosto de exercer meu papel de mãe, ajudar meu filho a estudar para uma prova. O que não era possível fazer com tanta pressão no trabalho. Dei um tempo na carreira de cantora, fui trabalhar como apresentadora de TV e esperei o momento certo para retornar. Agora estou mais centrada, e decidi que era a hora de voltar.
Com sua versão mais pop do funk carioca, você acabou sendo precursora de cantoras como Anitta. Considera-se a mãe dela? Não me vejo como a mãe de Anitta, não. Sempre tivemos cantoras que realizaram essa mistura. Mas, realmente, eu liderei esse movimento sozinha por muito tempo. O pop não tinha força em 2001, quando comecei minha carreira. Eu me lembro de ouvir meninas dizendo “Vamos fazer uma coisa meio Kelly Key”, para definir canções pop com letras de duplo sentido e um pouco de sensualidade.
Um dos lances da sua volta foi aparecer com uma camiseta que estampava a capa do seu ensaio na revista Playboy. O que significou para você posar nua? A ideia surgiu do meu personal stylist, que dizia que, se ele tivesse saído na capa da Playboy, a estamparia numa camiseta. Foi importante ter posado nua naquele momento. Eu buscava independência financeira, e não sabia quanto tempo tudo aquilo que estava acontecendo comigo iria durar. Então, decidi agarrar todas as oportunidades que apareciam à frente. Mas hoje eu não posaria nua, estou em outro momento da vida.
Aos 36 anos, ainda vê sentido em cantar Baba, Baby? Claro que sim. Mesmo porque não tem como ouvir Baba, Baby e não pensar em mim. Eu era uma criança quando escrevi essa música, e acho que ela representa um momento grandioso para o pop brasileiro. Mas minha carreira não se limita a Baba, Baby. Eu regravei, por exemplo, Por Causa de Você, uma canção sobre relacionamentos abusivos.
Por falar em relacionamentos, o cantor Latino, seu ex-marido, disse que você foi a mulher da vida dele. O que pensa disso? Ai, gente… Sei lá. Esse negócio (o casamento) já faz mais de vinte anos. Nem lembro como foi estar casada com o Latino. Imagina se eu tivesse de me explicar sobre tudo o que falam de mim? Eu ficaria doida.
Publicado em VEJA de 25 de dezembro de 2019, edição nº 2666