Quatro anos depois de Avenida Brasil, a Globo (e o Brasil) viram surgir um novo fenômeno nas telenovelas. A solar A Força do Querer atraiu o público com sua leveza em meio a denúncias de corrupção e de assédio e às batalhas cheias de ofensas travadas nas redes sociais. E não foi a única boa novidade de 2017. Não faltaram opções para o público interessado em uma boa história ou em ótimas (e divertidas) entrevistas. De novelas da Globo a séries internacionais que conquistaram o público e a crítica, a TV trouxe notícias positivas para quem não larga o controle remoto. Confira:
A surpresa de ‘A Força do Querer’
Demorou um pouco, mas finalmente a Globo viu uma novela das 9 voltar a cair no gosto do povo. A Força do Querer, de Gloria Perez, exibida entre abril e outubro, terminou com a melhor média de audiência na Grande São Paulo desde Avenida Brasil: 36 pontos, frente a 39 do folhetim assinado por João Emanuel Carneiro e exibido em 2012. A trama se manteve ágil durante todo o tempo com as histórias das três protagonistas — Bibi Perigosa (Juliana Paes), Jeiza (Paolla Oliveira) e Ritinha (Isis Valverde) — e de outro personagem que cresceu ao longo dos capítulos e acabou se tornando também um dos principais, o transgênero Ivan (Carol Duarte). O último capítulo marcou surpreendentes 50 pontos (na Grande São Paulo), novamente perdendo apenas para Avenida Brasil, que fez 52 pontos em seu derradeiro episódio.
‘Legendários’ chega ao fim
Após oito anos na grade da Record, o programa comandado por Marcos Mion vai sair do ar neste ano. Não vai fazer falta — não é destaque de audiência da emissora há meses, principalmente depois de ter mudado das noites de sábado para as de sexta-feira, em março de 2017, e nem apresenta conteúdo realmente relevante, já que é uma eterna reciclagem de formatos de programas de auditório. Mion continuará contratado — em 2018, vai voltar a apresentar o reality show A Casa, que confina 100 pessoas em um imóvel com capacidade e suprimentos para apenas quatro.
O triunfo de ‘The Handmaid’s Tale’
Baseada no romance distópico da americana Margaret Atwood, The Handmaid’s Tale se passa em um futuro próximo, quando as taxas de natalidade e fertilidade estão baixíssimas no mundo inteiro. As últimas mulheres férteis dos Estados Unidos vivem em um regime de escravidão sexual, os homossexuais são punidos e qualquer ato suspeito pode ser considerado subversão ao regime. Produzido pelo serviço de streaming Hulu (não disponível no Brasil), o seriado protagonizado por Elisabeth Moss, a Peggy de Mad Men, tem senso estético apurado e uma trama que, apesar de distópica, carrega pontos de contato com a realidade do século XXI. No Emmy, o Oscar da televisão americana, a produção triunfou, levando oito prêmios, incluindo o de melhor série dramática, atriz (para Elisabeth Moss), roteiro e direção.
O papo-cabeça de ‘Conversa com Bial’
Depois de quinze anos à frente do reality show Big Brother Brasil, Pedro Bial voltou ao jornalismo com Conversa com Bial, sucessor do Programa do Jô nas madrugadas da Globo. Foi uma troca que deu certo — mesmo o público que ficou chateado com o fim da atração de Jô Soares não deve ter reclamado da concepção do programa de Bial e da performance do jornalista. Enquanto Jô recebia vários convidados em uma mesma noite, trocando de temas e debates praticamente a cada bloco, Bial se concentra em apenas um assunto por episódio, podendo tratar a fundo de cada um. Por vezes, recebe mais de um convidado, mas a conversa continua girando em torno de um eixo único. Ele também pode exibir vídeos ou reportagens externas sobre o tema, enriquecendo a discussão. O apresentador mostra interesse pelo papo e faz observações pessoais, num clima de conversa informal, mas sem cortar o entrevistado.
A irreverência de ‘Lady Night’
Tatá Werneck faz parte da longa lista de comediantes revelados pelo canal jovem MTV, ao lado de nomes como Marcelo Adnet, Dani Calabresa e Bento Ribeiro. Trocou de emissora em 2013 e começou sua investida na carreira de atriz em novelas da Globo — até agora, fez Amor à Vida, I Love Paraisópolis e Haja Coração e está gravando Deus Salve o Rei, que entra na faixa das 7 depois de Pega Pega. Mas brilhou mesmo neste ano, ao ganhar o programa Lady Night no canal pago Multishow. Em duas temporadas, mostrou que é uma das humoristas mais irreverentes e ágeis da TV, fazendo até mesmo famosos do naipe de Bruna Marquezine, Neymar e Marina Ruy Barbosa descerem do salto e “cometerem” as maiores revelações — na estreia da segunda temporada, Tatá brincou com o jogador dizendo que Bruna, sua ex, era a pessoa que ele mais amava no mundo e ele confessou: “Não é mentira”.
A sensação ‘Big Little Lies’
Série limitada da HBO baseada no romance de Liane Moriarty, Big Little Lies foi um dos fenômenos do canal pago neste ano. Ao misturar uma trama de mistério com assuntos como violência doméstica, estupro, amizade entre mulheres e família, embalada por uma trilha sonora envolvente e atuações excelentes, a produção se tornou sensação. Para isso, reciclou o antigo recurso do “quem matou?”, introduzindo também a pergunta “quem morreu?” — o público sabe que houve uma morte na série, mas não sabe quem foi a vítima nem o assassino. No Emmy, confirmou seu favoritismo e levou oito prêmios, incluindo o de melhor série limitada, atriz (Nicole Kidman), atores coadjuvantes (Alexander Skarsgård e Laura Dern) e direção.
O fim do ‘Pânico na Band’
Após catorze anos, o Pânico deve sair do ar no fim de 2017. A Band, que tirou o programa da RedeTV! em 2011, ainda não confirma oficialmente o cancelamento, mas integrantes da trupe já afirmam ter ouvido da emissora que a atração terminaria em dezembro, como disse Márvio Lúcio, o Carioca, a VEJA. Com índices de audiência abaixo do esperado e quase nenhuma repercussão positiva, além da cansativa reciclagem de piadas nos últimos anos, a notícia do fim do programa chega em boa hora. Ainda é possível, porém, que o Pânico migre para outro canal. A ver como isso será feito e se o humorístico que perdeu a graça conseguirá implantar mudanças efetivas para se reerguer.