A fórmula pop de Julia Quinn, autora de ‘Os Bridgertons’
Escritora americana que faz sucesso com romances de época chegou à Netflix em série adaptada por Shonda Rhimes
Com mais de 10 milhões de livros vendidos no mundo – sendo uma boa parcela responsabilidade do Brasil –, a autora Julia Quinn deve aumentar consideravelmente as vendas agora que sua principal saga, Os Bridgertons, ganhou uma açucarada e pop adaptação na Netflix. Na trama, uma família aristocrática formada por oito irmãos (quatro homens e quatro mulheres) vive com a mãe viúva, que tenta manter tamanha prole em ordem. Na história que dá início à série Bridgerton, adaptação do livro O Duque e Eu, Anthony (Jonathan Bailey), o mais velho, luta para se adequar ao papel de homem da casa, enquanto Daphne (Phoebe Dynevor), sua irmã mais nova (mas a mais velha entre as meninas), debutou e precisa encontrar um bom casamento. Com 39 romances de sua autoria, Julia transita entre os séculos XVIII e XIX, com diferentes personagens, mas uma fórmula indefectível, que lhe tornou best-seller. Veja abaixo alguns detalhes que são presença constante na obra da autora americana.
Famílias felizes
Ao contrário do pensamento de Tolstói no começo de Anna Karenina, sobre família felizes serem iguais e enfadonhas, Julia acredita no contrário, como prova a harmonia quase constante entre os Bridgertons. “Os leitores gostam de mães que não traumatizam os filhos e de homens que não maltratam as mulheres”, disse a autora em entrevista a VEJA em 2019. Os dilemas, então, são provenientes de outras fontes, especialmente das expectativas da sociedade, ou de adventos históricos como guerras.
Homens gentis
A mesma régua da harmonia familiar vale para seus mocinhos. São homens sedutores, por vezes confusos, mas passam longe do estereótipo cafajeste. “Não entendo o apelo de alguém que trata a mulher como lixo. Um romance precisa de homens bons”, explicou Julia. Na trama da série, esse homem dos sonhos é encarnado pelo duque Simon Basset (Regé-Jean Page), que fica amigo de Daphne e a ajuda a chamar a atenção de outros pretendentes — mas, claro, a relação dos dois não ficará só na amizade.
Sem pudores
Apesar de ser uma literatura de época, Julia tece ao longo das páginas cenas de sexo que fariam Jane Austen corar. Geralmente virgens, as mocinhas de seus livros costumam descobrir os prazeres da carne após o casamento – com algumas poucas exceções que se aventuram antes. Os homens gentis, nestas cenas, mostram-se ainda mais compreensivos, em uma mistura equilibrada e até fantasiosa de experiência sexual e calma com a parceira — que nunca fica insatisfeita ao final.
De época, mas nem tanto
Encantada com a Inglaterra e romances históricos, a escritora optou por ambientar seus livros no passado, mas não tece tramas totalmente fieis ao período. “Meus livros não são históricos, em que se reconta a vida de personagens reais”, ressalta. Ela garante fazer uma longa pesquisa para não errar costumes, hábitos e linguagem, mas admite que dá um empurrãozinho no empoderamento feminino de suas personagens. “A mulher era propriedade do pai e, depois, do marido. E isso é terrível. Então crio personagens femininas que são fortes, tem valores e sonhos, e que se desdobram dentro do que a época permitia para encontrar algum tipo de igualdade, nem que seja só dentro do casamento”. Na série da Netflix, tal conceito fica evidente no posicionamento das personagens femininas, desde a protagonista Daphne, que busca um casamento, mas sem se render à submissão, ou sua irmã Eloise (Claudia Jessie), a adolescente feminista que sonha em ir para a universidade e não ser obrigada a se casar.