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A ascensão de Zendaya: de ex-estrela da Disney ao Emmy de melhor atriz

Indicada ao prêmio pela série 'Euphoria', a jovem conquistou Hollywood aos mostrar ousadia, versatilidade e uma maturidade atípica desde a pré-adolescência

Por Amanda Capuano Atualizado em 18 set 2020, 16h34 - Publicado em 17 set 2020, 10h27

De manhã bem cedo, em uma pequena cidade do interior americano, um traficante local é acordado com batidas insistentes na porta. Do outro lado da grade, uma garota esfarrapada e com cara de quem não dorme há dias pede por drogas, mas recebe um não como resposta. Os dois minutos que se seguem são uma catarse emocional produzida com o toque de midas da HBO, e entregue por um rosto conhecido da geração Z: a ex-estrela da Disney Zendaya. Na pele de Rue Bennett, protagonista bipolar e dependente química de Euphoria, a atriz vai da fragilidade suplicante à uma raiva sem filtros, despeja verdades incômodas, e carregadas de manipulação, sobre o traficante que a introduziu ao vício, e explode em lágrimas de desespero. Potente e inesperado, o desempenho surpreendeu tanto que colocou Zendaya, aos 24 anos, na disputa pela estatueta de melhor atriz no Emmy 2020, ao lado das veteranas Olivia Colman, Sandrah Oh, Jennifer Aniston, Laura Linney e Jodie Comer — de quem pode arrancar o recorde de mais jovem vencedora da categoria na premiação que acontece no domingo, 20. 

Criada por dois professores, Zendaya deu os primeiros passos na atuação por influência da mãe que, além das aulas, trabalhava como gerente no Shakespeare Theater, em Orinda, na Califórnia. Foi com a tragédia Macbeth que ela fez sua estreia nos palcos, antes de conquistar, aos 13 anos de idade, o papel de Rocky Blue na série No Ritmo (Shake It Up), lançada em 2010 pelo Disney Channel. A experiência alçou-a ao posto de ídolo infantojuvenil, que a exemplo de Britney Spears, Miley Cyrus, Demi Lovato e a companheira de elenco Bella Thorne, costuma vir acompanhado de polêmicas e até danos psicológicos. Zendaya, porém, contrariou as expectativas e mostrou-se um caso raro de serenidade e maturidade no meio. 

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Zendaya e Bella Thorne como Rocky e Cece em ‘No Ritmo’, série do Disney Channel – (Disney Channel/Reprodução)

Filha de pai negro e mãe branca, a pele miscigenada exigiu, segundo ela, uma tutela maior da própria imagem em uma indústria majoritariamente branca. “Eu acho que em algum lugar no meu subconsciente, de muitas formas diferentes, essa foi a razão de eu não me permitir errar”, confessou em entrevista à revista Vogue Austrália. Para além dos traços físicos, suas origens transbordam no próprio nome. Nascida em Oakland, na Califórnia, em 1º de setembro de 1996, Zendaya Maree Stoermer Coleman ganhou o primeiro nome do pai, inspirado em uma palavra do dialeto Shona, nativo do Zimbábue, que significa agradecer. Já Maree é uma adaptação para a grafia africana de Marie, nome do meio da mãe, que descende de alemães e irlandeses. “Carrego uma linha do tempo histórica no meu nome”, declarou à ONG Welcome US.

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Tida como lightskin (negro de pele clara) na indústria, ela afirma que a jornada teria sido mais penosa sem a pele clara herdada dos genes maternos, o que não a blindou do preconceito. Em 2015, foi vítima de um comentário racista ao aparecer de dread no tapete vermelho do Oscar: na ocasião, a apresentadora Giuliana Rancic disse que seu cabelo cheirava a óleo ou maconha. O caso levou a empresa Mattel a produzir uma Barbie inspirada na atriz, com direito aos portentosos dreads.

Zendaya entendeu desde cedo que sua fama poderia ser uma ferramenta contra o preconceito. Ainda na adolescência, com o contrato da Disney prestes a acabar, ela só topou a renovação se o canal aumentasse a diversidade na programação — o que lhe rendeu o posto de produtora executiva na série K.C Undercover, que desenrola-se em torno de uma família de espiões negros. Sua plataforma no Instagram, com quase 79 milhões de seguidores, é constantemente usada para posicionar-se em favor do direito dos negros e das mulheres — recentemente, na onda do Black Lives Matter, cedeu o perfil à Patrisse Cullors, uma das fundadoras do movimento, para dar voz aos protestos que explodiram nos Estados Unidos com os assassinatos de George Floyd e Breonna Taylor.

Zendaya
Zendaya, ao lado do pai, Kazembe Ajamu Coleman, e da mãe, Claire Stoermer – (Welcome US/Reprodução)
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87th Annual Academy Awards – Arrivals
Zendaya no tapete vermelho do Oscar, em 2015 – (Dan MacMedan/Getty Images)

Enquanto firmava-se na Disney, contrariou o mote de que não se pode fazer tudo e arranjou tempo para lançar um álbum e um livro em 2013, tornar-se ícone fashion nos tapetes vermelhos — com direito a uma linha de roupas exclusiva — ser vice-campeã em uma competição de dança, envolver-se com voluntariado, dar rosto a diversas marcas e pleitear papeis nas telonas. A estreia nos cinemas, aliás, chegou em 2017, como Michelle MJ, a Mary Jane de Homem-Aranha: De Volta ao Lar. Com pouco destaque no primeiro filme, a recém inserida em Hollywood fez valer o tempo na pele da adolescente, ganhou elogios da crítica e roubou a cena no filme seguinte, Homem-Aranha: Longe de Casa (2019). Ainda em 2017, contracenou com Hugh Jackman, Zac Efron e Michelle Williams no longa O Rei do Show, um dos musicais mais lucrativos da história de Hollywood. De lá para cá, não parou mais.

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Zendaya como MJ, em cena Homem Aranha: de volta ao lar – (Marvel/Reprodução)
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Em 2018, quebrou de vez as amarras com o Disney Channel e abriu-se para papéis mais maduros, o que a levou direto à Euphoria, onde provou-se capaz de retratar com uma verdade dilacerante os altos e baixos da psique humana. Além da indicação ao Emmy, o papel pavimentou o caminho até o posto de nova queridinha de Hollywood, de onde não pretende sair tão cedo — foi convidada, inclusive, para integrar a Academia de Cinema dos Estados Unidos, o que lhe dá direito de voto no Oscar.

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A próxima investida nos cinemas será ao lado de Timothéé Chalamet, em Dune, aguardada adaptação da ficção científica de Frank Herbert. Durante a quarentena, gravou com John David Washington, o romance Malcom e Marie, dirigido por Sam Levinson (o mesmo de Euphoria), filme que fez a Netflix desembolsar 30 milhões de dólares (159 milhões de reais, em cotação atual) pelos direitos de distribuição. A atriz ainda aparecerá ao lado de Jake Gyllenhaal e Ansel Elgort em Finest Kind, thriller criminal com roteiro do oscarizado Brian Helgeland e, é a claro, nas próximas sequências de Homem-Aranha, que, por ironia do destino, sempre foi seu super-herói favorito.

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Zendaya em cena como Rue Bennett na série Euphoria
Zendaya em cena como Rue Bennett na série Euphoria – (HBO/Reprodução)

Longe das câmeras, Zendaya é caseira. No ano passado, adquiriu uma mansão de 4 milhões de dólares em San Fernando Valley, região de Los Angeles cobiçada por celebridades. O tempo livre é ocupado pela família e reuniões com os amigos próximos. Quando quer espairecer, seu passatempo preferido é uma boa maratona de Harry Potter — nestes quesitos, nada muito diferente dos jovens da sua geração.

 

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