7 séries adolescentes na Netflix para ver em família
Romances, distopia e até fantasia, confira uma seleção de títulos que prometem boas maratonas em casa
A quarentena limou quase todo tipo de contato social – à exceção, é claro, do convívio familiar. Mas nem sempre é tarefa fácil encontrar um bom programa para ver em família. Para agradar jovens e adultos, que não raramente digladiam pelo controle da televisão, confira uma seleção de séries de temática adolescente no catálogo da Netflix que prometem satisfazer a todos os gostos.
Eu Nunca…
A série segue a simpática e explosiva Devi (Maitreyi Ramakrishnan), uma adolescente que, entre dilemas do colegial, oferece pinceladas generosas sobre a cultura indiana, inata de seu núcleo familiar — e que muitas vezes a própria repudia. A jovem vive ao lado das fiéis escudeiras, as melhores amigas Eleanor Wong (Ramona Young) e Fabíola Torres (Lee Rodriguez) – personagens que não são meros acessórios e têm seus próprios pepinos –, ao mesmo tempo em que quer conquistar o bonitão do colégio. O que poderia ser mais uma trama clichê do catálogo ganha outros contornos à medida em que o roteiro se mostra irônico e bem amarrado, em uma sequência de dez episódios ideais para um programa entre mãe e filha.
The Society
West Ham é uma dessas pequenas cidades da ficção em que tudo é perfeito: tem jardins e casas impecáveis, e seus moradores ricaços aparentam viver uma rotina de comercial de margarina. Tudo convive em harmonia, até que os adolescentes locais saem em uma viagem de acampamento que, no meio do caminho, não se concretiza pelo mau-tempo. No trajeto de volta, os quase 250 jovens percebem que todos os outros moradores desapareceram. Sem pais à vista, eles são forçados a se autogovernarem na cidade que agora está rodeada por uma mata densa recém materializada, que os impede de sair. Esse é o enredo da distopia The Society, cujos teens mimados agora precisam aceitar a criação de um sistema hierárquico entre eles, para manter a ordem local, ao mesmo tempo em que convivem com dilemas característicos da adolescência. De gravidez indesejada e homossexualidade não-assumida a rivalidades e inseguranças, a trama amarra os mais diversos temas em episódios que prendem e prometem agradar gregos e troianos.
Locke e Key
Quando Rendell Locke (Bill Heck) é assassinado, os filhos Tyler (Connor Jessup), Kinsey (Emilia Jones) e Bode (Jackson Robert Scott) mudam-se com a mãe Nina (Darby Stanchfield) para uma antiga casa da família Locke em Massachusetts. Grande, fonte de muitos boatos, curiosamente mobiliada e de difícil manutenção, a mansão guarda segredos a sete chaves – quase que literalmente. São 11 chaves, na verdade, que, muito bem escondidas, carregam funções mágicas: uma pode acessar as profundezas da mente de alguém, outra transporta seu dono para qualquer porta do mundo, e outra até ateia fogo em seja qual for a superfície. Divertidas e curiosas no começo, as chaves logo se tornam objeto de disputa e os irmãos têm de protegê-las de Dodge (Laysla De Oliveira), uma manipuladora e sedutora entidade que não mede esforços para tê-las todas em suas mãos. Inspirada em uma série de quadrinhos homônima, Locke e Key é uma pedida apetitosa para se ver entre pais e filhos, com episódios que iluminam a importância da família, seus legados e suas heranças – independentemente do quão inusitados sejam.
Anne With an E
Do clássico da literatura Anne of Green Gables nasceu Anne With an E, série de três temporadas que acompanha a adorável ruivinha de nome homenageado nos títulos. Vivida por Amybeth McNulty, a adolescente protagonista faz sucesso entre jovens e adultos ao viver os dilemas da idade, mas com um diferencial de outras tramas do naipe: a série se passa no final do século XIX e, como tal, ressoa temas que vão desde direitos das mulheres a preconceitos dos mais variados de uma sociedade que ainda engatinha em assuntos sobre liberdade de expressão e igualdade. Mas, antes mesmo de ser uma detonadora de reflexões, a história é um deleite em temas singelos, ensinando sobre compaixão, amor e, na figura da pequena órfã Anne, a sorte de ter um lugar para chamar de lar.
I am not ok with this
A desajustada Sydney (Sophia Lillis), para além de ter que lidar com as típicas turbulências da adolescência, também tem outras bagagens para carregar: é pobre, tem um relacionamento conturbado com a mãe, o pai cometeu suicídio, a melhor amiga por quem é apaixonada a abandonou por um namorado valentão e, no topo de tudo, sente super-poderes misteriosos despertando dentro de si. Aparentemente inofensivos, eles logam escalam para outras proporções e a jovem, longe de ser a mocinha acuada e amedrontada, é amparada por Stan (Wyatt Oleff), que, de autoestima para dar e vender, a ajuda a controlar os poderes telecinéticos. Uma curiosa e interessante mistura de Stranger Things com Carrie, A Estranha.
Skins
A inglesa Skins é veterana quando o assunto é séries adolescente com temas mais pesados. Com poucos adultos para botar ordem na casa e muitas festas, um grupo de jovens de Bristol, na Inglaterra, descobrem – ou tentam descobrir – a vida e seus cursos. A série, no entanto, conta com um diferencial atípico: a cada duas temporadas, surge uma nova geração de protagonistas para substituir o elenco anterior. Os temas pincelados são muitos e, de descobertas sexuais e distúrbios alimentares a drogas, aborto e suicídio, a trama mostra um lado da juventude que é deixada de lado por outras séries do gênero. De humor britânico, Skins é uma boa pedida para pais modernões que querem embarcar sem preconceitos nos dilemas mais profundos da juventude ao lado dos filhos.
Merlí
Merlí Bergeron (Francesc Orella) é um professor de Filosofia que, dentre muitos objetivos, quer instigar seus alunos a pensarem por si mesmos. Para tanto, utiliza métodos nada ortodoxos ao ensinar as teorias de Nietzsche, Platão, Sócrates. Na visão de seus alunos, chamados de “peripatéticos”, ele é o bam-bam-bam; na dos colegas, nem tanto. Merlí, na verdade, tem problemas à perder de vista: foi despejado de seu apartamento, passou a morar com a mãe e levou junto seu filho, com quem não tem um bom relacionamento. É mulherengo, excêntrico e um pai ausente, mas, como um bom anti-herói, não peca ao ensinar a seus peripatéticos lições valiosas sobre caráter, integridade, respeito e uma vida desgarrada de preconceitos. A série catalã, nomeada a partir de seu protagonista, é uma boa pedida para discutir – e até sacudir – estereótipos, regras e pilares convencionais de ensino, seja dentro de uma sala de aula, seja dentro de casa.