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Sócia de edtech indiana diz que ensino tradicional não morrerá tão cedo

À frente da Byju's, multinacional de tecnologia educacional, sediada em Bangalore, Divya Gokulnath defende adoção de novas ferramentas na sala de aula

Por Alessandro Giannini Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 26 jun 2023, 17h21 - Publicado em 26 jun 2023, 16h24
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  • Divya Gokulnath, co-founder of Byju's PTE Ltd., speaks during a panel session on day two of the Qatar Economic Forum (QEF) in Doha, Qatar, on Wednesday, May 24, 2023. The third Qatar Economic Forum will shine a light on the rising south-to-south economy and the new growth opportunities it presents to the global business community. Photographer: Christopher Pike/Bloomberg via Getty Images
    Divya Gokulnath, cofundadora da Byju's, fala durante uma sessão de painel no segundo dia do Fórum Econômico do Catar (QEF), em Doha (Christopher Pike/Bloomberg/Getty Images)

    A educadora indiana Divya Gokulnath, de 37 anos, começou a lecionar em 2008, um ano após se formar em biotecnologia. Byju Raveendran, um de seus professores na época, foi quem a incentivou na carreira. Hoje, Divya e Raveendran são casados e sócios na Byju’s, empresa multinacional de tecnologia educacional, com sede em Bangalore, na Índia.

    Fundada em 2011, a Byju’s está avaliada atualmente em 22 bilhões de dólares. A empresa afirma ter mais de 150 milhões de alunos ao redor do mundo e diz que está presente em 120 países. No Brasil, onde opera desde abril de 2021, diz ter mais de 7 mil alunos e mais de 2 mil aulas agendadas por dia na sua plataforma digital, o que faz do país um dos principais mercados da edtech.

    Em entrevista a VEJA, Divya conta que, na Índia, chegou a dar aulas em estádios, para 25 mil pessoas. Para ela, o método de ensino tradicional, unidirecional e impessoal, tornou-se ineficiente. Foi quando surgiu a ideia de gravar vídeos curtos com aulas e conteúdos mais simples.

    “Então, passamos de um estádio para, literalmente, um smartphone”, disse a diretora da Byju’s. “Em 2015, lançamos o aplicativo de aprendizagem Byju.” A seguir, a executiva fala sobre a necessidade de abraçar a tecnologia na educação, sem perder de vista os métodos de ensino tradicionais. As perguntas e respostas foram editadas para melhor compreensão do leitor.

    Como foi o processo de transformação da Byju’s?

    Na Índia, temos 260 milhões de crianças em idade escolar. No Brasil, são 57 milhões de crianças. Como são países em desenvolvimento, existe uma necessidade de aprender melhor. Os pais têm muito interesse em garantir que seus filhos recebam o melhor tipo de educação para que eles tenham sucesso na vida. O que oferecíamos (com as aulas em vídeo) era algo que agregava valor na forma como as crianças aprendem. Isso as ajudou não apenas a obter notas melhores, mas também a aproveitar o processo de aprendizado.

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    Qual é o ponto de inflexão?

    Em 2015, lançamos o aplicativo. Nele, adaptamos o aprendizado baseado na necessidade do aluno. A ideia é que cada aluno tenha liberdade para atingir seu melhor potencial.

    O que aconteceu com a pandemia?

    A pandemia mudou muitas coisas para nós. Foi uma reviravolta triste, mas impulsionou a tecnologia da educação. Porque, da noite para o dia, tivemos uma mudança radical. O que não aconteceu em anos aconteceu em semanas. E todas as partes interessadas entenderam os benefícios do aprendizado online. E eu não diria que é puramente online, o que é o melhor. É uma combinação, o melhor do aprendizado online e offline, em que você aprende algumas habilidades online e algumas habilidades offline.

    Mas como fica o aprendizado tradicional?

    Hoje, temos aprendizado individual ao vivo, aulas em grupo e aplicativos de educação para reforço. Adquirimos três grandes empresas nos EUA. Uma delas é a Epic, uma empresa de leitura. Outra tem aprendizado baseado em brincadeiras com letras e números. Portanto, temos vários formatos de aprendizagem. Você pode aprender online, offline, sozinho ou com o professor. Queremos que o aluno assuma o comando, que ele tenha o controle de seu aprendizado. Não queremos que os professores os alimentem, mas que os orientem — com a supervisão dos pais. E queremos que as crianças possam decidir quando querem aprender, como querem aprender, quanto querem aprender, com que rapidez querem aprender.

    Tanto no Brasil como na Índia, o sistema público de ensino é muito robusto. Como trazer esse arcabouço para um modelo que exige muito mais investimento?

    Se você olhar os números, eu diria que não há muita diferença entre o sistema brasileiro e o sistema indiano. No Brasil, cerca de 80% dos alunos do ensino fundamental estão em escolas públicas. Na Índia, esse número gira em torno de 70%. Não é tão igualmente dividido como nos Estados Unidos. Mas aqui também os pais optam por enviar seus filhos para escolas particulares, se tiverem meios para isso. Portanto, existem duas maneiras. Uma delas é que você pode fornecer conteúdo de aprendizagem diretamente ao aluno, por meio de equipamentos tecnológicos e dispositivos eletrônicos, nos quais ele pode aprender por conta própria e se tornar melhor. A segunda é capacitando o professor. Então, conseguimos trabalhar com o governo, conseguimos trabalhar com organizações não governamentais. E hoje 5,5 milhões de crianças estão aprendendo conosco gratuitamente. Portanto, há muito espaço para fazer melhor.

    De que forma?

    Precisamos fazer alguma coisa pelas crianças no mundo delas. Elas já nascem no mundo dos dispositivos e celulares. Quando estão com esse dispositivo, como posso tornar esse tempo mais envolvente e produtivo? Em vez de jogarem, como podem aprender? Os dias em que um professor está na sala de aula, com um grupo de alunos ao seu redor, nunca irão embora. Acho que essa é a essência da infância e do crescimento. O Relatório de Desenvolvimento Sustentável da ONU dizia que perdemos cerca de 20 anos de ganhos e equidade na educação por causa da pandemia. É uma perda enorme, e 1,2 bilhão de crianças estavam fora da escola em todo o mundo. É uma situação muito diferente. Mas, no geral, acho que isso nos deixou mais abertos a diferentes formatos de aprendizagem.

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