O dia 6 de junho de 1944, quando as forças aliadas desembarcaram na costa da Normandia e deram início à virada histórica na Segunda Guerra que terminou com a derrota nazista, não foi apenas um momento histórico. O Dia D, como ficou conhecido, tornou-se um importante marco cultural, abordado à exaustão em séries, filmes, livros e até games. Agora, no ano em que se comemoram 80 anos do evento, uma das mais curiosas homenagens vem de uma fabricante de relógios dos Estados Unidos.
A Praesidus está lançando dois modelos comemorativos. Um deles, Utah Beach A-11, é feito com a areia da original da praia de Utah, apelido de uma das cinco invadidas pelos aliados – as outras eram Omaha, Gold, Juno e Sword. O formato do mostrador é retirado do formato da Costa da Normandia, de acordo com as indicações do Mapa de Bombardeio Naval do Dia D, além de contar com a marcação das praias de desembarque. O segundo modelo, C-47 D-Day, é inspirado nos aviões C-47, responsáveis por levar os paraquedistas que saltaram atrás das linhas inimigas, e tem opções com o mostrador com a opção de efeito gasto, como se fosse, de fato, uma relíquia. Os relógios custam entre US$ 495 e US$ 550.
A sigla A-11 é uma referência ao uma série de especificações estabelecidas pelo governo norte-americano para os fabricantes de relógios que produziriam modelos para os soldados no front. Três marcas (Elgin, Waltham e Bulova) atenderam ao chamado e desenvolveram suas versões. Havia liberdade para criar algo único, mas era preciso seguir algumas regras. Eles deviam ser robustos, funcionais, com números de fácil leitura, e com calibres (os mecanismos responsáveis pela operação) precisos. Afinal, era fundamental que as operações fossem deflagradas no momento exato. Por terem sido usados durante o conflito, os modelos A-11 eram conhecidos como os “relógios que venceram a guerra”. Na época, como o aço era usado na produção de armamentos, os relógios eram fabricados em prata ou latão cromado.
Relógios de inspiração militar sempre foram um sucesso na relojoaria. O equilíbrio entre funcionalidade, robustez e design elegante vem atraindo os colecionadores. Agora, com o movimento crescente dos fabricantes artesanais, há ainda mais opção. A Praesidus tem se destacado neste nicho por representar releituras dos modelos clássicos da Segunda Guerra. Há versões no tamanho original, de 32 mm (pequeno para os padrões atuais), e opções um pouco maiores e modernas, de 38mm ou 40mm. Além disso, ela doa 5% de tudo que é arrecadado com as vendas para instituições de apoio a veteranos.
Mas não é a única a apostar em interpretações de relógios militares. A Vario, com sede em Cingapura, criou o 1918 Trench, inspirado nos primeiros modelos de pulso criados durante a Primeira Guerra – na época, ainda usava-se versões de bolso. A marca alemã Zeppelin, como o próprio nome já indica, tem um portfólio amplo de criações que remetem à era em que os Zeppelins cruzavam os ares. Na China, há uma série de réplicas do Seagull 1963, modelo criado pela Tianjin Wristwatch Factory, primeira fábrica de relógios do país, para os aviadores militares. São alternativas interessantes para quem busca peças com história.