Uma pesquisa anual, “The State of Fashion”, realizada pelo portal The Business of Fashion e a consultoria McKinsey, prevê 2025 como um “ano turbulento” e “com desafios a cada esquina” para a indústria de moda.
Com o mercado de luxo atravessando uma crise, as expectativas dos executivos não são das melhores. Segundo o relatório, 80% dos executivos não esperam nenhuma melhora na indústria fashion global, com a falta de confiança do consumidor e a menor vontade de gastar citadas como a maior preocupação para o próximo ano.
A sustentabilidade também saiu da pauta, com apenas 18% dos entrevistados a mencionando como um dos três principais riscos para o crescimento em 2025. “Embora seja difícil prever, a indústria da moda está prestes a passar por um 2025 particularmente tumultuado e incerto. Uma desaceleração cíclica, há muito temida, chegou”, diz o relatório.
De acordo com o estudo, por conta da alta inflação, os consumidores estão cada vez mais sensíveis aos preços. Há ainda a aceleração das mudanças climáticas e a contínua reorganização do comércio global, com diferenças regionais ficando ainda mais evidentes no próximo ano.
A incerteza econômica, as disparidades geográficas e as mudanças no comportamento e nas preferências do cliente também são desafios mencionados no relatório, que qualifica o momento como “um acerto de contas” para muitas marcas.
Mas ainda há luz no fim do túnel. Segundo a pesquisa, as marcas que se movem com agilidade e são rápidas em se “adaptar a convulsões em um mercado caótico” são as que terão oportunidades.
A passos lentos
Embora o luxo tenha liderado a criação de valor nos últimos anos, a McKinsey Global Fashion Index prevê que será o não luxo o responsável a impulsionar o aumento do lucro econômico pela primeira vez desde 2010 (excluindo o período da pandemia da Covid-19).
A pesquisa lembra que os impulsionadores geográficos também passam por mudanças históricas. Aponta que a indústria se beneficiará da queda da inflação e do aumento do turismo na Europa, de indivíduos de alto patrimônio nos EUA e de novos motores de crescimento na Ásia para neutralizar a incerteza em torno dos gastos na China, que ainda se recupera da pandemia. Segundo o relatório, as marcas mudarão o foco para outros mercados asiáticos, principalmente Japão, Coreia e Índia.
Experiência de Compra
Ainda de acordo com os analistas, uma maneira de conseguir alavancar o mercado é melhorar a experiência de compra, já que os consumidores estão retornando às lojas físicas. As marcas também devem reavaliar quais grupos de consumidores apostar, caso da “Geração Prata”, clientes com mais de 50 anos, que está crescendo nos gastos com moda.
Nem todas as marcas, porém, são adeptas a mudanças. Grifes mais novas estão saindo na frente, em especial na categoria de artigos esportivos, já que apostam em ações mais ágeis e inovadoras. “O antigo manual agora está obsoleto; o setor precisará de uma nova fórmula para diferenciação e crescimento”, aponta o relatório.
Sustentabilidade deve ser priorizada
Por fim, a crise ambiental continuará sendo uma força potente nas cadeias de suprimentos de moda e na condução do comportamento do consumidor. Mesmo os compradores se mostrando menos dispostos a pagar mais por produtos ecologicamente corretos, o custo crescente das mudanças climáticas e a ação governamental para combatê-las colocam a sustentabilidade no topo da agenda.
Segundo o relatório, aqueles que escolherem abordar a sustentabilidade com uma mentalidade de longo prazo, serão recompensados com operações comerciais mais eficientes e vantagem competitiva. “Líderes que se movem rapidamente para identificar os pontos brilhantes, sejam eles geográficos, demográficos ou tecnológicos, estarão preparados para o sucesso. Mas somente se forem capazes de evoluir.”