O que faz Oscar de La Renta se manter no topo, dez anos após sua morte?
A elegância e o romantismo de suas ceiações ainda perduram como favoritas entre estrelas de Hollywood, noivas e primeiras-damas
Há dez anos, precisamente no dia 20 de outubro de 2014, o site oficial da maison Oscar de la Renta discretamente mudou a cor do topo para preto, anunciando a morte de seu fundador. Era um desejo dele: da mesma forma discreta que o estilista Oscar de la Renta lutou contra o câncer, assim escolheu se despedir do mundo. Naquele dia, a top model Naomi Campbell foi a que melhor resumiu: “Sempre serás o cavalheiro da moda”. E assim é, até hoje.
Sua incontornável elegância o mantém como um ícone da moda. Tanto que mesmo após dez anos de sua morte, continua sendo um dos estilistas mais desejados por uma vasta lista de estrelas de Hollywood, que incluem Sarah Jessica Parker, Penélope Cruz, Emma Watson, Madonna, Shakira, Jennifer Lopez, Paris Hilton, Nicole Kidman, Oprah Winfrey e Jennifer Aniston – todas fazem questão absoluta de seus modelos para os tapetes vermelhos.
Nem as musas da geração Z resistem aos encantos de suas criações: Taylor Swift é fã; Billie Eilish não abre mão; Doja Cat o escolheu para homenagear Karl Lagerfeld no badalado Baile do Metropolitan Museum e Millie Bob Brown, para se casar com Jake Bongiovi, filho de Jon Bon Jovi, em outubro.
Seus belos e românticos vestidos, aliás, sempre foram o sonho das noivas. Para o altar, criou os modelos da atriz Naomi Watts; de Chelsea Clinton e, poucas semanas antes de morrer, desenhou o comentadíssimo vestido de renda francesa e bordados de pérola, usado por Amal Alamuddin para trocar alianças com o galã George Clooney.
Oscar de la Renta também continua sendo o favorito das primeiras-damas americanas, de Jacqueline Kennedy – que lançou o estilista para a fama – até Hillary Clinton, além de Nancy Reagan, Laura Bush, Michelle Obama e Jill Biden. Isso porque, embora tenha nascido na República Dominicana e trabalhado com mestres da moda na Espanha e França, fez sua carreira nos Estados Unidos, onde sua grife desfila até hoje, na Semana de Moda de Nova York.
Ícone para os Americanos
Naturalizado americano, Oscar de la Renta nunca escondeu suas origens. Tinha orgulho de ser o primeiro grande criador latino-americano a ser mundialmente reconhecido e, assim, abrir as portas do exclusivo universo fashion para outros designers, fora da Europa.
Aos 18 anos, deixou sua terra natal para estudar artes e pintura na Academia San Fernando, em Madri. Mas acabou seguindo pelo caminho da moda, desenhando vestidos para casas espanholas, a fim de ganhar algum dinheiro. Seu talento o fez cair nas graças de Cristóbal Balenciaga, na época, o designer mais renomado da Espanha e a quem de La Renta sempre creditou como seu mestre.
Sua assinatura ganhou luz pela primeira vez, porém, por meio de uma peça que desenhou para a filha de um embaixador americano na Espanha, que apareceu na capa da revista Life em 1956. Mudou-se então para Paris, onde arrumou emprego como assistente de Antonio Castillo, na alta costura da maison Lanvin. Em 1963, foi para Nova York, para trabalhar com Elizabeth Arden. Dois anos depois, fundou sua marca homônima, que fez sucesso não só pelas roupas sofisticadas e vestidos de noiva, como pela linha de acessórios, perfumaria e casa. O resto é história.
Arte e Boas Ações
Premiado, Oscar de la Renta era membro do conselho do Metropolitan Opera, Carnegie Hall e Channel Thirteen/WNET e fazia parte dos conselhos de instituições como New Yorkers for Children e Americans Society. Foi presidente do Queen Sofia Spanish Institute e ajudou a construir uma escola e uma creche na República Dominicana para 1.200 crianças.
Também demonstrou empatia com John Galliano, demitido da Dior após declarações consideradas antissemitas, convidando-o para trabalhar com ele em 2012. “Todo mundo tem direito a uma segunda chance, especialmente alguém que tem tanto talento como John”, disse de La Renta, na época.
Discreto em sua vida pessoal, se casou duas vezes: com Françoise de Langlade, ex- editora de moda da revista Vogue França, com quem ficou até sua morte em 1983 e a viúva, Anette Engelhard Reed. Teve oitos filhos, sendo um deles, Moisés, adotado na República Dominicana, além de nove netos.
Em 2006, foi diagnosticado com câncer, condição que jamais deixou reslumbrar. Morreu em sua casa em Kent, Connecticut, perto de Nova York, deixando um enorme legado que sabiamente, Hillary Clinton definiu em poucas palavras: “o melhor exemplo de elegância e beleza.”
Veja alguns looks de Oscar de La Renta: