O ritual dos dez passos de cuidados com a pele que as coreanas fazem diariamente se tornou um objeto de desejo de boa parte das brasileiras. Inclui óleo demaquilante, sabonete facial, esfoliante, tônico, essência (um tônico mais hidratante), sérum, máscara, creme para os olhos, hidratante e protetor solar. Não é fácil seguir esse protocolo à risca, mas o fato é que o K-Beauty, como é chamado todo esse movimento da beleza – que inclui procedimentos feitos em clínicas e cosméticos – não para de lançar tendências e conquistar seguidores.
Um dos tratamentos que vem fazendo sucesso nas clínicas é o conceito da medicina regenerativa. São produtos que não só melhoram a qualidade da pele como recupera a sua vitalidade. Essa tendência inclui os fios de PDO (polidioxanona), que fazem um estiramento no local onde são inseridos e elevam e reposicionam a pele flácida. “Eles dão sustentação à pele ao mesmo tempo em que estimulam o colágeno. São absorvíveis e indicados para locais como em torno da boca, o conhecido código de barras, na região ao redor dos olhos, e na região do pescoço”, diz a dermatologista Karine Cade.
Também fazem parte dessa gama de tratamentos regenerativos vindos da Coréia do Sul o PDRN, um ácido polidesoxirribonucleotídeo derivado do DNA purificado do salmão. “Ele promove a regeneração celular, a produção de colágeno e elastina e a hidratação profunda da pele”, explica a médica. “Há ainda os exossomos, complexos proteicos que também atuam na regeneração celular. São indicados para tratar queda de cabelo, alopecia e manchas”, completa Karine.
Os tratamentos são realizados em clínicas, mas a novidade agora são cremes e séruns que incluem exossomos na fórmula. “Na Coréia e no Japão, há várias marcas que produzem esses cosméticos, mas no Brasil ainda estão chegando”, diz o dermatologista Otávio Macedo. “Mas a tendência desse mercado é crescer”.
Macedo acabou de chegar do Japão e conta que por lá as novidades vindas da Coréia, claro, também fazem sucesso. Uma que está em alta é o glass skin (pele de vidro), que já desembarcou por aqui. “Como o nome já diz, a ideia é deixar a pele perfeita, sem aparência cansada, sem rugas ou linhas de expressão. Visa, inclusive, a redução da aparência dos poros, quase transparente como vidro”, comenta. Para alcançar esse visual, os cuidados são intensificados com hidratação profunda e o uso de produtos que proporcionam um brilho natural. “Tanto no Japão quanto na Coréia, as pessoas são obcecadas por peles mais brancas. A variedade de produtos clareadores e de protetores solares é enorme. Sem falar nas roupas com proteção”, diz o médico.
Consciência e Cmportamento
Mas o K-Beauty não se resume apenas a procedimentos e produtos. Dita também o comportamento e a consciência dos consumidores. Um exemplo é o chamado skinimalism, que chega em resposta às preocupações ambientais e ao desejo de uma rotina de cuidados mais simplificada. A ideia é usar menos produtos, mas de maior qualidade. A sustentabilidade também está no centro das inovações, com marcas investindo em embalagens recicláveis, refis de produtos e fórmulas que utilizam menos água, como cremes e séruns em pó ou stick.
Outro conceito é o slow aging. A ideia é envelhecer de forma natural e saudável. Usar mais filtro solar e fazer procedimentos preventivos, antes de a pele ficar flácida. “Pessoas mais jovens muitas vezes fazem procedimentos com os fios de PDO para prevenir rugas”, afirma Karine Cade.
Tecnologia e IA
Inovações que permitem personalização é outra tendência que está redefinindo a indústria da beleza coreana. Aplicativos que analisam a pele e sugerem produtos específicos com base em inteligência artificial (IA) estão se tornando comuns. Além disso, dispositivos de beleza inteligentes, como máscaras de LED e ferramentas de microcorrentes, estão em alta por permitir tratamentos tecnológicos em casa. O K-Beauty é, portanto, um universo a ser explorado e que parece não ter fim.