Geração Z é o desafio da indústria de vinho
Para aumentar consumo, empresas apostam em produtos mais baratos, bebidas sem álcool e propagandas com estrelas do showbiz
Existe uma tendência de queda no consumo no mercado americano de vinhos, que tem muito a ver com as mudanças de hábitos geracionais. De acordo com o último relatório do Silicon Valley Bank, há uma parcela significativa da geração Z, 25%, que são abstêmios, e 35% que não tomam vinho. No ano passado, o mesmo levantamento já indicava queda no consumo e apontava para a falta de uma estratégia eficiente, como marketing apropriado e produtos ajustados a esse público.
Do outro lado do continente, pesquisas reforçam os dados, apontam que entre 1960 e 2022 o consumo geral de álcool individual caiu 60% entre os franceses, terra conhecida pelos excelentes vinhedos e com grande tradição no assunto. Na Inglaterra, sabe-se que a geração Z bebe 28% menos que a Y. Fora isso, os consumidores regulares, aos poucos, tendem a desaparecer com a renovação geracional.
Estrelas dão a cara para vender mais
Não por outro motivo, as empresas resolveram se dobrar às projeções de mercado redobrando os esforços de venda. O rapper Jay-Z , dono da champanhe Armand de Brignac, que vendeu metade da marca para o conglomerado de luxo LVMH, lançou rótulos mais baratos. Na outra ponta, estrelas do show bizz endorsam marcas mais baratas e conseguem excelentes resultados. Entre elas a cantora Kylie Minogue, famosa pela canção Locomotions dos anos 1980, que assina um portfólio de vinhos, que vendeu 7,7 milhões de libras pelo segundo ano consecutivo, e conquistou 1/6 do mercado inglês. O polêmico rapper Snoop Dogg’s é conhecido no setor pelo vinho 19 Crimes e mais recentemente Red Cali, que no Brasil sai pouco mais do que R$ 100 a garrafa, gravou um clipe com outros artistas do gênero para divulgar o lançamento. Tudo isso ajuda, porque só o vinhos especiais possuem um público fiel, que não se preocupa com preço, mas apenas com a qualidade.
Vinho zero álcool
Na Europa, a tendência são as bebidas zero, inclusive o vinho, o que no Brasil ainda é raro de se encontrar. A França e a Alemanha, por exemplo, investem em experiências gastronômicas inusitadas como o Champanhe Rosé Zero ou coquetéis chamados de “virgens” elaborados para restaurantes da moda. Há até harmonizações de pratos e bebidas não alcoólicas. De um lado, a indústria se adequa ao novo consumidor e de outro tenta trazê-lo para o grupo dos enófilos.