Exposição destaca contribuições femininas na história do Brasil
Fundação Maria Luisa e Oscar Americano traz ciclos de palestras e exposições dedicadas às mulheres do Império Brasileiro
A Imperatriz Maria Leopoldina, primeira mulher de D. Pedro I, teve papel decisivo na história do Brasil. No dia 2 de setembro de 1822, ela presidiu o Conselho de Estado que recomendou ao regente realizar a Independência. Depois da morte de Leopoldina, D. Pedro I se casaria novamente, dessa vez com Amélia, neta adotiva de Napoleão Bonaparte. A nova Imperatriz do Brasil, além de trazer um hábito que perdura até hoje: tomar café após as refeições, foi mãe da primeira brasileira a conquistar um diploma de nível superior. Sua filha, Maria Amélia, formou-se em física e astronomia, após prestar exames em Munique.
Histórias como a de Maria Leopoldina, Amélia, D. Maria I de Portugal e das Princesas Isabel e Leopoldina serão temas de palestras e ganharão uma exposição na Fundação Maria Luisa e Oscar Americano, em São Paulo. A mostra transita por eventos que marcaram a história do país e reúne reconhecidas historiadoras para debater o papel dessas figuras históricas. São previstos quatro encontros ao longo do segundo semestre de 2023, sempre aos sábados.
Embora a imagem de São Paulo seja mais atrelada ao período republicano, a Fundação se destaca como uma das poucas da cidade a reunir um acervo considerável de peças ligadas a grandes personagens do Império. Na exposição será possível ter acesso a retratos e ilustrações de reis, rainhas, imperadores, imperatrizes e nobres. Além de objetos pessoais, como medalhas, brasões e itens diversos. As contribuições dessas mulheres serão recontadas por historiadoras, como Mary Del Priore, Maria de Fátima Moraes de Argon, Ana Cristina Francisco e Cláudia Thomé Witte, que lançará a biografia inédita de Amélia, a imperatriz que virou múmia.
“O destaque da mostra está justamente em ir além do que é lembrado”, diz Paulo Rezzutti, responsável pela curadoria da exposição. “Tentamos aprofundar o conhecimento que temos sobre essas mulheres e trazê-las de uma forma mais humanizada. O conhecimento sobre essas personagens históricas nos aproxima do que elas tiveram de mais humano”.
Rezzutti destaca alguns itens, como os brasões de Carlota Joaquina, de Maria Leopoldina e da Princesa Isabel. “Esses brasões são a união dos símbolos de seus pais com os de seus maridos. Essa representação do poder feminino é uma consequência do poder masculino”, explica. “Mesmo sendo imperatrizes e princesas, elas não tinham uma identificação só delas. Apesar de terem feito várias coisas, temos inúmeros feitos que não são ditos sobre a história dessas mulheres”.