A turbulência está chegando ao fim. Mais de dois anos depois do início da pandemia, com índices de vacinação crescentes e a consequente flexibilização das restrições sanitárias, o setor do turismo, um dos mais abalados pela Covid-19, celebra, enfim, uma fase de retomada. A demanda reprimida é enorme e, mesmo no inverno, o Brasil acompanha o movimento de euforia. Os aeroportos internacionais estão cada vez mais cheios de viajantes ávidos por conhecer ou rever nossas belezas naturais, a preços bem mais convidativos, especialmente para quem traz dólares ou euros na bagagem.
Se o mercado doméstico está praticamente restabelecido, com mais de 90% do volume de voos nacionais praticados em 2019, o último ano antes da pandemia — são mais de 2 100 decolagens por dia —, a malha internacional levanta voo rumo ao mesmo destino. Segundo dados da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur), mais de 3 700 aviões desembarcaram em julho vindos do exterior, o equivalente a 72% do que foi registrado no mesmo mês há três anos. Em junho, o resultado foi ainda melhor — 76%. Os aeroportos internacionais de destino mais movimentado foram os de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Campinas e Porto Alegre — todos com ótima conexão para praias no Nordeste ou outras atrações como as Cataratas do Iguaçu. Os velhos conhecidos turistas argentinos lideram entre os principais emissores de passagens, seguidos por visitantes vindos dos Estados Unidos.
Boa parte do sucesso da decolada se deve a um trabalho feito pela Embratur em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas para fortalecer a imagem do turismo nacional em solo americano. A campanha publicitária “Visit Brazil. A Wow Experience” espalhou painéis na Times Square, em Nova York, e em pontos de Los Angeles, Dallas, Houston e Washington. Além disso, houve ações para TVs abertas e fechadas e redes sociais. “Temos trabalhado a promoção do Brasil em mercados estratégicos e feito reuniões com empresas aéreas para aumentar nossa conectividade”, afirma o presidente da Embratur, Silvio Nascimento. A agência confirmou a participação em seis grandes feiras no segundo semestre e realizará duas novas campanhas publicitárias, voltadas para os mercados europeu e sul-americano.
Com o verão no horizonte, a oferta é cada vez maior. Estão previstos 89 novos voos até fevereiro de 2023, com reforço especial da companhia americana JetSmart e da panamenha Copa Airlines. A Latam, líder do setor no Brasil, com 54 destinos (dez a mais que em 2019), retomou oito voos da Europa, incluiu Boston no cardápio americano e lançará em novembro a opção Curitiba-Santiago. “A retomada está sendo surpreendente tanto no mercado doméstico quanto no internacional”, diz Aline Mafra, diretora de vendas e marketing da Latam Brasil. Cada nova rota representa um impulso para a economia. Segundo o Banco Central, a receita gerada por turistas estrangeiros de janeiro a março foi de 1,2 bilhão de dólares (o dobro do mesmo período do ano passado e 68% da obtida em 2019). A expectativa da Embratur, com base em um estudo da GlobalData, é atrair 4 milhões de turistas de fora em 2022 e no próximo ano superar os 6 milhões que recebia antes do coronavírus. Bem-vindos de volta.
Publicado em VEJA de 17 de agosto de 2022, edição nº 2802