Deve ser mais um daqueles fenômenos pós-pandêmicos, que ninguém sabe como e quando exatamente surgiu. Mas de um tempo para cá, é só o dia das crianças se aproximar que as redes sociais são tomadas por fotos de crianças de todas as idades indo fantasiadas a escola. Fantasiadas não, antes fosse só isso. Tem o dia do cabelo maluco, o dia da mochila maluca e o que mais a criatividade da escola permitir. Algumas têm até o dia da meia maluca. A ideia é a seguinte: o aluno deve ir com itens personalizados e chamativos, uma forma de sair da rotina tradicional.
O problema? Ao que parece, as crianças pouco estão se envolvendo com a atividade. Tornou-se, na verdade, mais um daqueles deveres de casa que — erroneamente — os pais fazem pelos filhos. Ou melhor, as mães. São elas que estão sobrecarregadas a semana da criança inteira, se desdobrando para comprar glitter, tinta de cabelo, e cartolina colorida para entregar o “melhor look” infantil. E postar nas redes, claro. E onde está a pedagogia dos ‘dias malucos’? “Se o responsável pensa e constrói então o objetivo pedagógico se perde”, escreveu um professor nas redes. “Se a criança não é capaz de pensar e construir, então essa atividade não é adequada. O propósito pedagógico jamais deve ser abandonado para seguir a moda”, completou.