Nas redes, vídeos e fotos exibem pessoas com overdose. Será que se trata de exposição exagerada, ou isso inibe o consumo de drogas?
Um casal americano com overdose de heroína tem sido motivo de piadas (na maioria, de péssimo gosto) na web. O vídeo da cena, gravado em Memphis, nos EUA, foi publicado no perfil de Courtland Garner no Facebook. O câmera amador chegou a dar zoom na mulher sob efeito de alucinógenos, no momento em que ela encostou o rosto na […]
Um casal americano com overdose de heroína tem sido motivo de piadas (na maioria, de péssimo gosto) na web. O vídeo da cena, gravado em Memphis, nos EUA, foi publicado no perfil de Courtland Garner no Facebook. O câmera amador chegou a dar zoom na mulher sob efeito de alucinógenos, no momento em que ela encostou o rosto na calçada. Porém, o indivíduo não ofereceu ajuda. Felizmente, no fim, o casal foi socorrido por paramédicos.
A gravação de nove minutos já possui mais de 3 milhões de visualizações. As reações no Facebook mostram que as pessoas acharam o fato, digamos, engraçado: a sinalização de risada “haha” foi a campeã dentre os emoticons usuais do site, sendo acionada 11 mil vezes no post (frente a 7,2 mil das tradicionais “curtidas”).
Agora, a pergunta que fica: de alguma forma, ajuda em algo compartilhar vídeos constrangedores de usuários de drogas pela internet? Isso tem efeito, por exemplo, na inibição do uso dessas substâncias?
Fundador da organização brasileira CISA (Centro de Informações sobre Saúde e Álcool), o psiquiatra Arthur Guerra de Andrade opina que imagens de overdose — ou mesmo aquelas de pessoas debilitadas, como com câncer, que figuram em maços de cigarro — não seriam eficazes para inibir o uso de drogas: “Esse tipo de informação é chamada de ‘psicologia do terror’. O objetivo é gerar medo, mas em geral não funciona. Muitos jovens e adultos pensam, apenas, ‘comigo não vai acontecer’”.
Ou seja, a pessoa olha o outro sofrendo, ri, esnoba etc. Contudo, esse efeito em nada impede que o mesmo indivíduo escolha experimentar o alucinógeno. Por essa lógica, o #VirouViral optou por não entrar na onda de compartilhar o vídeo, neste post. Pois ele só é humilhante aos dependentes químicos que foram expostos.
Para lembrar
Imagens do tipo, de pessoas sofrendo por efeitos de drogas, costumam viralizar. Exemplo é um caso de Ohio, também nos EUA. Nessa história anterior, os namorados Rhonda Pasek e James Acord foram encontrados dentro do próprio carro, sob efeito de heroína.
O agravante, porém, era que um menor de idade estava no banco de trás, o neto de Pasek. Por isso, o casal foi preso. Agora, diferentemente do vídeo desta vez (o vindo do Memphis), havia sentido em compartilhar e divulgar o do casal Pasek e Acord. A razão, contudo, em nada tinha a ver com a situação humilhante de estarem à beira da overdose. Mas, sim, com o descaso com a criança. Tanto que a imagem foi, então, divulgada pela própria polícia, com a meta de conscientizar sobre a situação.
É compreensível a diferença de um para o outro?