Livros que tratam de questões sociais são censurados em escolas
Entidades do livro emitiram nota de repúdio
Em um intervalo de menos de sete dias, duas obras com temáticas progressistas saíram da lista de leituras de colégios municipais. Em Conselheiro Lafaiete, Minas Gerais, o livro “O menino marrom”, escrito por Ziraldo nos anos 1980, foi suspenso temporariamente do currículo após reclamações de responsáveis. O exemplar narra a amizade entre uma criança branca e outra negra. Diante da repercussão, a prefeitura do município informou que a ação foi tomada “a fim de melhor readequação da abordagem pedagógica, evitando assim interpretações equivocadas”.
Já na cidade de São José dos Campos, São Paulo, foi recolhido o livro “Meninas sonhadoras, mulheres cientistas”, da juíza Flávia Martins de Carvalho, que conta a história de figuras femininas inspiradoras. A decisão veio depois que um vereador de direita criticou a obra em uma sessão na Câmara municipal.
Em resposta às recentes censuras, as entidades do livro emitiram uma nota de repúdio. “Censurar livros é atacar a democracia, a liberdade de expressão e a formação de cidadãos e cidadãs. O futuro do Brasil e o combate às desigualdades sociais dependem do crescimento intelectual de sua população, no qual o livro desempenha um papel imprescindível”, diz o texto, assinado pela Associação Brasileira da Indústria Gráfica, Associação Brasileira de Livros e Conteúdos Educacionais, Associação Nacional de Livrarias, Câmara Brasileira do Livro, Liga Brasileira de Editoras e Sindicato Nacional de Editores de Livros.