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Entenda o caso da mulher negra, médica, que sofreu discriminação durante um voo

“Eu tenho certeza que muitas das minhas companheiras americanas jovens, trabalhadoras e negras podem entender minha frustração quando eu digo que estou cansada de ser desrespeitada.” A frase acima é o começo de um relato no Facebook (que viralizou!) feito pela obstetra americana Tamika Cross, moradora da cidade de Houston, nos Estados Unidos. No post, ela contou sobre […]

Por Luiza Donatelli Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 20h32 - Publicado em 18 out 2016, 19h41
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  • “Eu tenho certeza que muitas das minhas companheiras americanas jovens, trabalhadoras e negras podem entender minha frustração quando eu digo que estou cansada de ser desrespeitada.”

    A frase acima é o começo de um relato no Facebook (que viralizou!) feito pela obstetra americana Tamika Cross, moradora da cidade de Houston, nos Estados Unidos. No post, ela contou sobre um caso de discriminação racial que sofreu durante um voo.

    A história. Um homem sentado perto dela começou a passar mal e Tamika automaticamente ofereceu ajuda. A aeromoça, então, teria dito: “querida, abaixe sua mão. Estamos procurando por médicos, enfermeiras ou algum profissional da saúde. Não temos tempo para falar com você”.

    A aeromoça perguntou se havia algum profissional da saúde no voo e novamente Tamika se prontificou a ajudar. A funcionária começou um questionário: “Quero ver suas credenciais. Onde você trabalha? Qual é a sua especialidade? Por que estava em Detroit?”.

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    Enquanto ela respondia às perguntas, um homem branco se aproximou das duas, disse que era médico e que podia auxiliar o passageiro em apuros. A aeromoça respondeu a Tamika: “obrigada, mas ele pode nos ajudar, ele tem as credenciais”.

    Cross ainda disse em seu depoimento que o homem não mostrou à aeromoça nenhum documento, mas mesmo assim foi o escolhido. No entanto, depois de alguns minutos, a funcionária se voltou para Tamika e passou a consultá-la.

    Depois de Tamika ter cuidado do paciente, a aeromoça pediu mil desculpas e ainda a ofereceu milhas de “consolo”, que prontamente não foram aceitas. No final de seu post, a médica afirmou que “se foi uma discriminação de raça, idade ou gênero, não está certo. Ela (a aeromoça) não vai fugir disso.”

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    https://www.facebook.com/plugins/post.php?href=https%3A%2F%2Fwww.facebook.com%2Ftamika.cross.52%2Fposts%2F658443077654049&width=500

    Houve de fato uma discriminação, mas a culpa não é só da aeromoça. Nos Estados Unidos, onde 13,3% da população total do país é formada por negros, apenas 3,8% de mulheres afro-descendentes estavam matriculadas em cursos de medicina em 2011, de acordo com um relatório da Associação das Universidades Médicas Americanas. O número é ainda menor para homens: 2,3%.

    No Brasil o cenário não é muito diferente. Com o total de 50,7% da população de negros e pardos, dentre os alunos que prestaram o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes em 2009 e 2010, apenas 2,66% eram negros e cursando medicina.

    Por isso, a surpresa da funcionária da companhia aérea vai além de um preconceito (apesar deste existir, em primeira análise). A falta de representatividade de negros começa na faculdade, o que, por sua vez, é um reflexo de séculos de desigualdade social em decorrência da cor da pele. Por efeito, numa simplificação, a aeromoça acabou por não acreditar que sua passageira seria uma das poucas mulheres negras médicas de seu país.

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