Vencedor do Festival de Cannes, ‘The Square’ ri de seu público
Filme alfineta reduto da arte e burguesia europeia ao acompanhar o dia a dia de um curador de museu
Em sua cena de abertura, The Square – A Arte da Discórdia mostra o curador de museu Christian (Claes Bang) durante uma entrevista à jornalista americana Anne (vivida por Elisabeth Moss). Em determinado momento, a repórter pede que o curador explique um texto disponível em seu site, um parágrafo verborrágico que sai do nada e chega a lugar nenhum, em uma mistura de termos que saltaram de livros acadêmicos sobre arte. Intrigado, Christian pede para ler o material com mais atenção. Em seguida, dá uma explicação tão vaga quanto sua fonte original, deixando desconcertada a jornalista, aparentemente se sentindo ignorante. Nesse ritmo irônico, o filme, vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes em 2017, faz seu espectador — o mesmo consumidor de arte que se verá em outros momentos do longa — rir de si mesmo, enquanto alfineta a elite europeia em suas tentativas de mostrar um falso altruísmo.
Ao longo das 2h20, a produção acompanhará os percalços de Christian para iniciar uma exposição com obras que falam sobre humanismo e abnegação, enquanto o próprio se percebe menos benéfico do que gostaria de ser. A elogiada coprodução entre Suécia, Alemanha, França e Dinamarca concorre ao Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro neste domingo, e caminha para uma indicação na mesma categoria no Oscar.