Anos atrás, quando esteve na Rússia para realizar pesquisas sobre o destino da aristocracia do país depois da Revolução de 1917, o historiador americano Douglas Smith impressionou-se com a onipresença de um personagem peculiar. Em documentos, cartas e jornais da época, lá estava sempre Grigori Yefimovich Raspútin (1869-1916). “Ele era incontornável”, diz o autor. Assim nasceu esta nova e atualizada biografia do monge de origem humilde que se converteria em conselheiro-mor da família do czar Nicolau II — e, por tabela, em figura tão ou mais odiada que a dinastia Romanov. A ideia inicial do especialista era separar o homem do mito. Mas isso se revelou impossível: a imagem que se construiu sobre sua pessoa importa mais que o Raspútin de carne e osso, conclui Douglas. Com base em relatos biográficos clássicos e dados frescos descobertos após o fim da União Soviética, em 1991, o livro mostra como Raspútin se tornou símbolo da decadência imperial que desaguaria na revolução bolchevique, sem deixar de lado as especulações sobre a rumorosa vida sexual do religioso.