Quando muitos pensavam que todas as canções gravadas por Tim Maia, morto há 23 anos, já tinham sido lançadas, eis que, sem nenhum alarde, o filho do cantor, Carmelo Maia, divulgou uma pequena pérola preciosa de nove faixas, todas em espanhol, gravadas pelo artista em 1970. Disponível nas plataformas de streaming desde terça-feira, 25, o álbum Yo Te Amo, conta com gravações feitas na mesma época do lançamento do primeiro disco de Tim Maia, há 51 anos, e apresenta o artista no auge de sua voz.
Segundo Carmelo, em um vídeo postado nas redes sociais, as gravações estavam nos arquivos da gravadora Vitória Régia, em fitas bastante castigadas pela oxidação. Coube a André Dias recuperar os registros com uma nova mixagem e remasterização. O resultado é assombroso. A voz de Tim soa límpida e afinadíssima. Carmelo e André tiveram, inclusive, o cuidado de não eliminar ruídos de estúdio, nem as conversas do artista com os técnicos de som. É possível ouvir frases típicas do folclore ao redor de Tim, como: “o violão tá desafinado”, “mais grave”, “outra vez”. É como se o ouvinte fosse teletransportado para dentro do estúdio, num registro cru, comprovando o talento de Tim, que gravava suas vozes quase sempre nos primeiros takes.
A versão em espanhol é um charme a mais na gravação. Nos anos 1970, diversos artistas tentaram carreira na América Latina, lançando álbuns na língua desses países. Fluente em inglês, Tim conseguia emular sotaques e trejeitos de falar de outras línguas com facilidade, inclusive o espanhol. O motivo de Tim não ter lançado o trabalho é desconhecido. Talvez a gravação tenha sido apenas um teste, já que a tradução das letras é literal, sem nenhuma adaptação das frases para um contexto mais latino, inclusive em faixas mais regionais como Coroné Antônio Bento e Padre Cícero.
O álbum conta com duas músicas de Cassiano, que morreu na sexta-feira, 7, aos 77 anos, Primavera e Eu Amo Você (que virou Yo Te Amo). O guitarrista, junto como grupo Os Diagonais, também está na gravação, fazendo backing vocals nas faixas. A coincidência da morte de Cassiano motivou Carmelo a dedicar o álbum ao guitarrista, batizando-o com o nome de sua música.