(Em cartaz no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba) Por trinta anos, o diplomata Fausto Godoy fez carreira na contramão: enquanto os colegas do Itamaraty brigavam por postos na Europa ou nos Estados Unidos, ele preferia lugares como a Índia, a China e o Paquistão. A escolha tinha uma bela razão de ser: Godoy rodava obsessivamente por antiquários e rincões dominados até pelos guerrilheiros do Talibã em busca de obras de arte, artesanato, relíquias e artigos de uso cotidiano. Com espírito aventuresco, montou uma das maiores coleções de arte oriental do país. A mostra Ásia: a Terra, os Homens, os Deuses marca o final feliz de uma novela: o acervo de 3 000 itens havia sido doado por Godoy ao Masp, mas o museu paulistano abriu mão dele após sua mais recente crise e troca de gestão — o destino desse riquíssimo painel etnográfico será, enfim, o Museu Oscar Niemeyer, de Curitiba. A coleção vai da Ásia Central ao Extremo Oriente e do neolítico aos dias de hoje. Há estátuas de Buda que atestam a influência grega deixada pelas tropas de Alexandre, o Grande, na região da fronteira entre Paquistão e Afeganistão, no século IV a.C. E um cavalo de terracota que adornava uma tumba chinesa da dinastia Han (206 a.C. a 220 d.C.).