Lançado em 1979, BREAKFAST IN AMERICA foi uma mudança de rumos radical na carreira do Supertramp. O quinteto inglês surgiu em 1969 fazendo um híbrido de pop e rock progressivo. Mas depois de cinco anos morando nos Estados Unidos, seu principal núcleo criativo decidiu que estava na hora de se adaptar aos ritmos locais – no caso, as canções que reverberavam nas emissoras de rádio. “A gente quis explorar mais esse universo”, diz o guitarrista, tecladista e vocalista ROGER HODGSON para VEJA. Pois Breakfast in America vendeu 18 milhões de discos no mundo inteiro e consagrou canções como Logical Song, Take a Long Way Home e Goodbye Stranger. Deu tão certo que até hoje Hodgson, que saiu do grupo em 1983, revisita esse material de tempos em tempos. Em maio de 2020, ele faz sete apresentações no Brasil: dia 06 na Arena Sabiá, em Uberlândia; 07 no UnimedHall, em São Paulo; 09 na Arena Petry, em Florianópolis; 10 no Teatro Positivo, em Curitiba; 13 na Arena Eurobike, em Ribeirão Preto; 15 no Km de Vantagens Hall, em Belo Horizonte, e 16 no Km de Vantagens Hall do Rio. O repertório, claro, será baseado no disco mais famoso do Supertramp. “Mas também irei tocar canções de outras fases do grupo”, adianta ele.
O Supertramp hoje passa por uma fase de renascimento. Embora tenham feito muito sucesso na virada dos anos 70 para os 80, eles foram execrados pelas gerações posteriores de roqueiros. Que implicavam com seu visual ripongo e com as canções de fácil acesso, ainda que nas letras houvesse uma preocupação filosófica. “The Logical Song fala das mudanças que temos de fazer na vida para nos adaptarmos à sociedade”, defende Hodgson. O pop radiofônico, contudo, tem sido reavaliado pela geração atual. O AOR (sigla para adult oriented rock, ou rock adulto) tem sido reavaliado. E grupos como Chicago e cantores como Christopher Cross voltaram à pauta do dia. “Muitos jovens me procuram hoje em dia, dizendo estar maravilhados com o Supertramp. Porque a música anda tão vazia que eles precisam de conteúdo”.
A relação de Roger Hodgson com o tecladista Rick Davies, dono da marca Supertramp, era perfeita em discos. Vide, por exemplo, o casamento das vozes dos dois em Goodbye Stranger, outro sucesso espetacular de Breakfast em America. Ao vivo e – principalmente nas negociações comerciais – o caldo entornava. Durante o período mais crítico do grupo, eles eram colocados em cantos opostos do palco para que seus olhares não se cruzassem. Hodgson saiu do Supertramp em 1983, retornando brevemente dez anos depois. O clima com Davies voltou a ficar ruim depois que este sugeriu que sua mulher, que tinha uma editora musical, cuidasse das canções de Hodgson. O vocalista brigou novamente com o grupo depois que eles incluíram muitas de suas canções no repertório de suas performances – segundo ele, havia um acordo de cavalheiros com Davies para que isso não ocorresse. O clima bélico terminou quando o líder do Supertramp foi diagnosticado com mieloma múltiplo, um tipo de câncer que afeta a medula óssea. “Conversamos e fizemos as pazes”, resume Hodgson.
A carreira solo de Hodgson é feita de altos e baixos. Ele teve uma repercussão modesta com In the Eye of the Storm, de 1984, que trazia o sucesso Had a Dream (Sleeping with the Enemy). Fez canções com Trevor Rabin, ex-guitarrista do Yes (“um dia elas verão a luz do dia”, promete) e encarnou o Rei Arthur num musical alternativo. O principal legado de Hodgson, contudo, ainda é o Supertramp. “A minha banda atual é melhor do que o Supertramp dos bons tempos”, gaba-se. E essa banda consegue tocar School melhor do que seu antigo grupo, pergunta o repórter. “Venha me assistir e você verá do que sou capaz”, responde. Os ingressos serão vendidos a partir do dia 06 nas bilheterias das casas de espetáculo e no site Tickets for Fun.