Vocalistas do Timbalada: ‘É muito importante juntar política e música’
Denny Denan e Buja Ferreira falam de legado, referências e o empoderamento trazido por Margareth Menezes
Timbalada, grupo de percussão que surgiu no começo dos anos 1990 sob o comando de Carlinhos Brown, continua a ser uma importante liderança musical baiana para o mundo. Em conversa com a coluna GENTE durante a festa de comemoração dos 39 anos do Tivoli Ecoresort, na Praia do Forte (BA), os cantores Denny Denan e Buja Ferreira se mostraram animados por levaram adiante a história de 33 anos do grupo soteropolitano, sem deixar de enalteceram Margareth Menezes, atual ministra da Cultura, com quem já se apresentaram em várias ocasiões.
Num grupo tão homogêneo e já consolidado, como impor a identidade musical de vocês? DENNY DENAN: A cada dia a gente vai buscando novidades. A gente já fez já vários projetos depois da minha volta, já tem três anos, fizemos até um DVD. E aí gravamos outras músicas para o verão, um clipe na Argentina, pensando sempre em coisas pontuais para os shows. BUJA FERREIRA: O povo abraçou de uma forma bacana essa formação da Timbalada, enfim, a gente está sempre fazendo um projeto que contribua com a história de 33 anos do grupo. É o que a gente carrega aqui nas costas, esse sucesso.
Carlinhos Brown ainda é a maior referência para vocês no grupo? DD: Nossa, mesmo com tudo que a gente fez durante todo esse tempo, e é muita coisa legal desde 1990, 91, contamos com o carinho de Brown até hoje, é um homem muito forte na música. Não só na música baiana, é uma referência na música brasileira. BF: Se eu falar muito, me emociono. A gente é um movimento cultural, né? Quando você tem raízes firmes, a vida toda vai seguir germinado. A gente estava acostumado a tocar timbal afinado, tocado com as duas mãos, e foi Carlinhos quem revitalizou este instrumento. Ele popularizou no mundo inteiro, até em igreja você já o encontra. DD: Costumo dizer que a importância de um cantor, o sucesso de um artista, é medida quando ele passa a ser regravado por outro artista. A gente chama de reconhecimento musical. Ou seja, a gente está dentro ali, naquele mesmo bolo. E isso só foi possível por Brown.
Como manter a estabilidade com temperamentos distintos entre vocês? BF: Mesmo se fossemos gêmeos dentro de uma banda, ainda assim existiria briga, é normal. Ele voltou para a banda agora e já temos três anos juntos. E uma coisa que meu pai sempre me ensinou é que a gente tem que pedir ajuda às pessoas que têm mais tempo. O Denny tem essa coisa de ensinar e eu tenho interesse de aprender. Tipo, pego uma música que já tem mais de 30 anos, aí ligo para ele para saber se está boa a versão que fiz.
O que pensam da Margareth Menezes como ministra da Cultura? DD: Acho que ela trouxe mais força para a música baiana no cenário cultural da Bahia e também para o Brasil como um todo. Ela por si só já é uma força incrível, uma artista maravilhosa que tem as suas referências… Ela fala de cultura em qualquer lugar do Brasil e do mundo, desde antes, então é claro que ela vai representar, né? BF: É muito importante juntar política e a música. Fora os projetos sociais que ela desenvolve. Já cantou muito com a gente, todos amam ela. Já dividiu o palco aqui no Brasil, nos Estados Unidos, na Europa, enfim, ela tem uma importância grande para o fortalecimento da nossa história. DD: Fora o fato de que ela ali também empodera as mulheres a ocuparem outros lugares, sabe? Ela trouxe muita força a meninas novas dizendo: ‘olha, estou falando e incentivando também a cultura, ocupando outros espaços’. Venho vendo vários projetos que ela lança aí, está de parabéns. Magá, beijão.
Falem sobre a apresentação no Tivoli. O que isso representa este local para vocês? DD: Olha, eu sou suspeito de falar, porque já sou cliente, né? Já sou da casa (risos). BF: Já vim várias vezes aqui, um lugar maravilhoso, lindo e que bom que está sendo assim, unindo o útil ao agradável, um cenário desse com a nossa música. É muito legal estarmos aqui para fazer parte desse encontro de 39 anos de história.