Daniela Mercury, Chico César, Lucélia Santos e Flora Gil, mulher de Gilberto Gil, que já foi ministro do governo Lula (PT), são alguns dos nomes badalados que vêm surgindo como possíveis futuros mandatários da pasta que volta a ter status de ministério na futura gestão. Mas além dessas apostas midiáticas, dois nomes saem na dianteira nas discussões mais recentes da equipe de transição. Em total sigilo, Lula trabalha com a possibilidade de indicar uma pessoa de caráter técnico, de forte peso curricular na área de gestão cultural. Uma pessoa que integra a transição revelou à coluna que estes nomes são: O professor Danilo Miranda, 79 anos, desde 1984 diretor do SESC em São Paulo; e Elaine Costa, 55, que ficou marcada por um trabalho bastante elogiado no Departamento Cultural da Petrobras no primeiro governo Lula.
Pesa a favor de Danilo, formado em filosofia e ciências sociais, a experiência com setores culturais – é membro do conselho de entidades nacionais como a Fundação Bienal de São Paulo, MASP, MAM, Itaú Cultural, além de ter relação com bibliotecas e escolas de teatro pelo país. Já Elaine tem entrada com empresas privadas e ótima gerência de parcerias público-privadas. Também conta a seu favor o fato de ser mulher, já que Lula demonstra querer uma equipe ministerial diversa.
De qualquer forma, o que se ventila é que a decisão ficará para as últimas semanas do dezembro. Primeiro, Lula decidirá a equipe econômica, para apaziguar o ânimo do mercado. Pelo histórico de nomeações de governos petistas anteriores (Gilberto Gil, Juca Ferreira, Ana de Holanda), se sabe que esta pasta é muito cara ao futuro presidente. Ou seja, dificilmente ele cederá a nomeação para algum dos partidos da base aliada.
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A fonte diz ainda à coluna que o trabalho da equipe de transição é focar na proposta de Lula ao remontar o ministério. “Serão criados comitês estaduais para ser um ministério bem federativo. O maior problema para quem vive de teatro, por exemplo, é que as empresas só investem dinheiro se tiver ator de novela da Globo. Vai em Porto Alegre, é muito difícil sobreviver de teatro fora do eixo Rio-São Paulo. Até consegue, mas é difícil se não for conhecido, qualquer artista que venha da Globo lota teatro, o restante não. O mesmo acontece na música e nas artes plásticas, na literatura um pouco menos. Fora do eixo Rio-São Paulo tem que ter assistência maior, da Lei Rouanet por exemplo”, comenta.
De todo modo, uma certeza eles têm: o trabalho será de recomeço do zero após o apagão cultural desses quatros anos (na gestão Bolsonaro, o ministério virou secretaria). “Primeiro teremos que pegar o prédio de novo, comprar cadeira, computadores, fazer gabinete. O atual governo acabou com tudo, não existe nada para a cultura”.