O que mais incomoda em ‘Tieta’, reprisada na Globo
Novela exibida em 1989 voltou a grade da emissora e resgata questionamentos
A reprise de Tieta no Vale a Pena Ver de Novo fez a TV Globo respirar aliviada, já que desde sua estreia vem mantendo a boa audiência registrada na sua antecessora, Alma Gêmea. Por outro lado, a volta do folhetim de 1989, inspirada em Tieta do Agreste, de Jorge Amado, resgatou um tema já levantado em outras produções da emissora e que já não cabe mais nos tempos atuais. A novela escrita por Aguinaldo Silva tem somente um negro entre 48 personagens, quadro que destoa da realidade da Bahia, estado onde a obra é ambientada. De acordo com a Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), o estado é o que tem maior percentual de pretos do país, seguido por Rio de Janeiro e Maranhão. Em 2022, a população baiana era formada por 23,9% de pretos, 56,9% de pardos, 18% de brancos e 1,2% de indígenas, amarelos e pessoas sem declaração de cor ou raça.
O único ator preto ou pardo da produção foi Roberto Bonfim, que interpretou o personagem Amintas. Bonfim, aliás, esteve no elenco de outra novela no qual o assunto foi destacado. Em 2018, Segundo Sol foi alvo de críticas por apresentar um elenco majoritariamente branco. Com Salvador como cenário, a novela de João Emanuel Carneiro tinha oito atores negros, dentre 41. Na época, a Globo chegou a ser notificada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), por meio da Coordenadoria Nacional de Promoção de Igualdade e Oportunidade e Eliminação da Discriminação no Trabalho (Coordigualdade), para “respeitar a diversidade racial” da cidade.