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O padrão perigoso dos papéis de Xamã na televisão

Ator vive bandido em duas produções: ‘Três Graças’, da Globo; e ‘Os Donos do Jogo’, da Netflix

Por Nara Boechat Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 15 nov 2025, 18h00

Presença cada vez mais constante na teledramaturgia, Xamã, 36 anos, tem se firmado num curioso padrão artístico, convocado a vestir o figurino do homem sombrio e integrado ao crime. Atualmente, aparece em duas obras inéditas: Os Donos do Jogo, da Netflix, onde interpreta o bicheiro Búfalo, e Três Graças, novela das 9 da Globo, como Bagdá, chefe do tráfico da fictícia comunidade da Chacrinha. Ambos reforçam o mesmo tipo que a teledramaturgia parece ter lhe reservado e da qual ainda não o deixou escapar.

Seu primeiro papel de destaque na televisão, Damião no remake de Renascer (2024), já acenava para esse caminho. Matador de aluguel contratado para assassinar José Inocêncio (Marcos Palmeira), o personagem depois se tornava um aliado do protagonista, mas continuava inserido no universo da violência. A relação intensa com Eliana (Sophie Charlotte) ajudava a reforçar esse lugar do “perigoso sedutor”.

Leia também: Os indícios do recado de Aguinaldo Silva a Manuela Dias em Três Graças

No mesmo ano, em uma participação na segunda temporada de Justiça, de Manuela Dias, Xamã mais uma vez vestia a máscara do bandido. Naldinho, seu personagem, integrava uma facção criminosa e era apontado como responsável por levar Milena (Nanda Costa) para o crime, incapaz de aceitar a tentativa dela de abandono do movimento.

Lançada em outubro, Três Graças novamente o entrega ao papel do bandido temido, que assume a chefia da facção após a prisão de Jorginho Ninja (Juliano Cazarré) e aterroriza a comunidade – inclusive personagens como Raul (Paulo Mendes) e Joelly (Alana Cabral). Dias depois, já na Netflix, lá estava ele outra vez como inimigo da polícia: um contraventor inspirado no bicheiro Bernardo Belo, marido da personagem de Giullia Buscacio e ambicioso por poder no submundo do jogo do bicho.

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O acúmulo desses personagens expõe a versatilidade e o talento de Xamã em papéis intensos, mas também um padrão incômodo: a indústria segue insistindo em enxergá-lo apenas dentro do estereótipo do criminoso, desperdiçando a chance de explorar novas camadas de um ator que, claramente, tem potencial para outras vertentes.

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