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O longo tempo de recuperação do trauma de estupro e gravidez indesejada

Psicólogo Alexander Bez analisa o drama da atriz Klara Castanho a pedido de VEJA

Por Valmir Moratelli Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 27 jun 2022, 17h46 - Publicado em 27 jun 2022, 17h48

O caso da atriz Klara Castanho, 21 anos, que afirmou ter sido estuprada e dado o bebê para adoção, causa revolta e indignação a respeito dos que utilizaram desse fato para se promoverem em busca de notoriedade. Os traumas psicológicos em uma vítima de estupro podem levar décadas. É o que afirma o psicólogo Alexander Bez, especialista em relacionamentos pela Universidade de Miami (UM); especialista em ansiedade e síndrome do pânico pela Universidade da Califórnia (UCLA), e com mais de 20 anos de atuação. A seguir, a conversa com VEJA:

É possível a recuperação de quem passou pelo trauma do estupro e gravidez indesejada?

Essa recuperação é difícil e não pode ser generalizada. Cada mulher tem sua resposta de recuperação. É um trauma psicoterápico que demanda aplicação, foco, determinação e resistência interna por parte da vítima. Lógico que qualquer mulher estuprada quer se recuperar, a vontade é completamente inerente ao seu aparelho psíquico. No entanto, o estupro acarreta consequências negativas inimagináveis, os resultados são imprevisíveis para cada mulher. O processo de recuperação é essencialmente psicoterápico, e em milhares de casos interação medicamentosa, com ansiolíticos e antidepressivos. Estipular tempo é impossível, mas muitas levam de uma a duas décadas de recuperação.

Num episódio como o da Klara Castanho, o acompanhamento é para a vida toda?

Tudo irá depender de como é o seu aparelho psíquico e como será processado esse trauma. Há casos em que o acompanhamento é para a vida toda, há outros em que precisará de uma manutenção e acompanhamentos mais moderados. Mas usualmente o tempo médio de recuperação e processamento do trauma é de ao menos uma década. No caso dela é um pico pior, porque há julgamentos externos. Agrava o caso.

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Aumenta a dificuldade para que possa se relacionar com outra pessoa?

Potencializa e muito a rejeição emocional, sentimental e, fundamentalmente, a interação íntima-sexual. Genitalmente falando, a mulher se sente machucada, ferida. É uma dor vivenciada e “revivenciada” todos os dias. A paciência de um futuro companheiro terá que ser determinante. E nos casos de estupro, só a vítima saberá dizer quando estiver pronta para engatar em uma nova relação a dois.

Os traumas são para sempre ou é possível contorná-los?

A cicatriz ficará. Mas um tratamento bem realizando, sem pressa e sem atenção cronológica, é fundamental. A punição adequada para o abusador sexual é muito importante para que o trauma seja cuidado. Mas, de novo — os traumas irão repercutir individualmente em cada vítima, precisando respeitar seu tempo mental e psicológico.

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Como a relação com as redes sociais pode piorar e agravar seu quadro psicológico?

Ninguém tem o direto de julgar uma vítima. Nem à internet, nem apresentadora, nem instituição, seja social e/ou religiosa! Só a vítima tem o direito de decidir o que irá fazer, seja aborto ou adoção. A decisão cabe a ela. Toda vítima tem direito ao aborto. Caso não faça, então irá levar e conviver com esse trauma para sempre. E ninguém tem o direito em julgar.

Leia também: O que Antonia Fontenelle tem a ver com o drama de Klara Castanho

A rede de solidariedade em torno de Klara Castanho

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