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O empresário que levou dinossauros – e turistas – ao interior do Rio

Márcio Clare recrutou diretores da TV Globo e arquiteto do Rock in Rio para criar o parque Terra dos Dinos, inspirado em filmes de Steven Spielberg

Por Valmir Moratelli Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 9 Maio 2024, 11h40 - Publicado em 1 mar 2024, 07h00
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  • Meio Steven Spielberg, meio Walt Disney. Assim se define Marcio Clare, 51 anos, proprietário do parque Terra dos Dinos, que se traduz numa tentativa de abrasileirar o Jurassic Park em terras fluminenses – mais precisamente na serra do município de Miguel Pereira. Ocupando 70 mil metros quadrados numa área de um milhão e meio de metros quadrados de proteção ambiental, a atração inaugurada há pouco mais de um ano já atrai turistas de todo o país à procura dos bonecões boquiabertos que remetem a animais extintos milhões de anos atrás – e que, até que se ache um fóssil, nunca habitaram aquelas verdejantes matas.

    Formado em Administração na PUC-Rio, com MBA na FGV, Marcio coordena cerca de 100 funcionários, aptos a dar boas-vindas e fazerem funcionar o atrativo turístico que, só em 2023, recebeu quase 350 mil pessoas. “Fui visitar um parque de dinossauros em Gramado (RS) e foi o divisor de águas. Falei: ‘não quero uma exposição de dinos. Quero que eles se mexam’. Comprei a maioria na China, veio tudo desmontado, deu trabalho para montar e colocá-los no meio da floresta”, diz. Com faturamento de 30 milhões de reais – e investimento inicial na casa de 10 milhões de dólares – o parque já se mostra um case de sucesso encrustado no interior do estado. Em conversa com a coluna, Marcio fala sobre suas motivações para criar a inusitada atração.

    Como surgiu a ideia de criar um ‘Jurassic Park’ brasileiro? Adoraria que a ideia tivesse sido minha, mas não foi (risos), foi da prefeitura de Miguel Pereira que queria transformar a cidade na ‘Gramado’ do Rio de Janeiro. São muitas semelhanças entre as duas cidades. O aeroporto de Porto Alegre está a cento e poucos quilômetros de Gramado. O do Rio está a 110 km de Miguel Pereira. A população de Gramado é de 30 mil habitantes, daqui tem 20 e poucos mil habitantes. Daí surgiu a ideia de trazer o que tem em Gramado para cá. Dentre elas, um parque de dinossauros.

    Quem te ajudou na empreitada? Sou alucinado pela Disney e topei o desafio, só que eu não sabia nada de parques e dinossauros. Procurei pessoas que entendem. Chamei um roteirista para fazer o storytelling, depois Marcio Trigo, diretor artístico da TV Globo, para dar vida ao parque. A arquitetura ficou com João Uchoa e Gabriela Brunato. João, inclusive, é quem cria os palcos do Rock in Rio. Eu queria uma pegada voltada para natureza. Não queria nada muito lúdico, fake. Daí precisei entender mais de dinossauros. Fui procurar quem é a referência de paleontologia no Brasil, Alexander Kellner, diretor do Museu Nacional.

    Qual era sua maior dúvida? Eu não queria, por exemplo, os dinossauros naquelas cores vivas, muito fortes, queria coisas rústicas. Perguntei ao Kellner se podia me ajudar com as cores. Ele riu e falou: ‘Ninguém sabe a cor dos dinossauros’ (risos). Quando estava fazendo a curadoria de dinossauros, recebi um catálogo com 200 espécies. Não sabia nem por onde começar, só sei que ia pedir o T-rex. Também queria um jipe na entrada, igual ao parque da Disney. Minhas referências eram essas e os filmes do Spielberg.

    Você se sente um Spielberg brasileiro? Eu me sinto, bem narcisista, meio Spielberg com Walt Disney. Um pouco dos dois lados.

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    Como o parque já movimenta o turismo no município? Tem uma fase pré-parque, isso é fato. Quando começa aquele burburinho entre empresários: ‘vou fazer um Parque das Águas’, ‘vou fazer o Mundo de Gelo’. Mas fica todo mundo esperando para ver quem que é o maluco que vai investir ali primeiro. Dei o start. No Brasil são 40 e poucos parques de dinossauros. Mas só eu tenho o maior parque de dinossauro do mundo, se contarmos que está numa área de 1 milhão e meio de metros quadrados. Só de trilhas, a gente tem quase um quilômetro…

    ‘Maior do mundo’ não é um pouco exagerado? Até agora não veio ninguém brigar comigo sobre o meu ser o maior do mundo (risos).

    Trata-se de uma Área de Proteção Ambiental (APA). Como se deu a licença para construção? É uma concessão da prefeitura. Eu pago 5%, de tudo que faturo, além dos 3% de INSS. Você imagina para a prefeitura de cidade pequena, uma empresa gerar no mínimo 100 empregos e receita. Fora os hotéis e restaurantes que começam a vir junto. É sucesso absoluto. Só construímos sobre o que já estava construído, sobre restos da sede de uma antiga fazenda desapropriada, não mexemos em nada da floresta. Isso é outro atrativo. O que me atraiu foi o local: conseguir trazer pessoas que nunca tiveram acesso à floresta. As crianças andam no meio de trilha suspensa, olham para o lado e veem árvore, árvore, árvore. Não dizem que as pessoas precisam ao longo da vida plantar uma árvore, escrever um livro e ter um filho? Incluiria montar um parque.

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    Parque Terra dos Dinos, no interior fluminense – (Valmir Moratelli/VEJA)
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    Parque Terra dos Dinos, no interior fluminense – (Valmir Moratelli/VEJA)
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    Parque Terra dos Dinos, no interior fluminense – (Valmir Moratelli/VEJA)
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    Parque Terra dos Dinos, no interior fluminense – (Valmir Moratelli/VEJA)
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    Parque Terra dos Dinos, no interior fluminense – (Valmir Moratelli/VEJA)

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