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O alarmante recado de biólogo sobre novas enchentes no país

'O tempo do amadorismo e de crendices populares acabou no ramo ambiental'. diz Mario Moscatelli a VEJA

Por Giovanna Fraguito Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 6 jun 2024, 11h00

O carioca Mario Moscatelli é biólogo, mestre em ecologia, especialista em gestão e recuperação de ecossistemas costeiros. Responsável pela recuperação dos manguezais do canal do Fundão, aterro de Gramacho, Lagoa Rodrigo de Freitas e sistema lagunar de Jacarepaguá, na zona oeste do Rio, o especialista faz à coluna GENTE um alerta sobre as tragédias ambientais, devido a enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul recentemente.

Como acontece em muitas cidades do Brasil, que não tiveram o devido planejamento urbano, o Rio costuma sofrer com enchentes. Qual é o panorama atual da cidade em relação a esse problema? Na eminência de uma tragédia de grandes proporções, tanto em termos de inundações como escorregamentos. Destaco que mesmo não existindo ninguém em termos urbanos, naturalmente a região é ambientalmente vulnerável a escorregamentos e inundações. O que piorou foi que, com o crescimento urbano ordenado e desordenado, a situação só fez piorar astronomicamente. A situação não é “se”, mas “quando” cairá o dilúvio que normalmente tem caído de forma recorrente, onde nenhuma cidade se preparou para a nova realidade climática de extremos.

O Rio Grande do Sul foi afetado pelas enchentes de forma trágica. Situação nessa escala poderia acontecer no Rio? São regiões geográficas diferenciadas, mas todas as baixadas (fluminense, Sepetiba e Jacarepaguá) são áreas naturalmente inundáveis que, por conta da falta de planejamento urbano, se caracterizam pela completa desordem urbana e consequentemente, aumentando ainda mais a vulnerabilidade natural. Temos também as encostas onde a supressão da mata, que é quem as estabiliza, vem sendo suprimida, aumentando sua instabilidade. Destaco que chuvas torrenciais de 150/200 mm hoje são passado. Na atualidade temos dilúvios de 500/600/700 mm caindo em poucos dias, situação na qual nem áreas nativas, sem qualquer perturbação humana, tem suportado tamanho volume de água.

Quais são os grandes causadores dessas tragédias? Nossa cultura voltada quase que exclusivamente para o uso sem limites dos recursos naturais. Somos um país que ainda não evoluiu de seu passado como colônia de exploração. Por aqui o que interessa é tirar o máximo no menor prazo possível, com ampla aceitação da sociedade e da maior parte do poder público. Enquanto essa cultura não mudar, as mudanças estruturais necessárias não irão se dar, até porque a classe política está interessada no que dá voto. O ambiente gera ainda pouco interesse do eleitorado.

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Existem formas de prevenção? A prevenção inicial é a eleitoral, isto é, buscar pessoas preparadas para assumir cargos de decisão e tomar as medidas estruturais necessárias para evitarmos o pior cenário. Do meu ponto de vista, criamos e alimentamos o monstro da mudança climática e, no atual momento, além de reduzir as emissões, precisamos criar mecanismos naturais e artificiais para tirar o excesso de carbono.

Como tem sido seu trabalho? De minha parte protejo, recupero e crio manguezais que são os ecossistemas que mais sequestram e acumulam carbono. Cada um precisa buscar de que forma pode reduzir a ferocidade do monstro que criamos. Não temos mais tempo para conversa, comissões, grupos de trabalho, conferências e coisas do tipo. Sabemos as causas, consequências e precisamos agir agora para nos precavermos minimamente ao que já está aí. O tempo do amadorismo e de crendices populares acabou no ramo ambiental. Precisamos de ações concretas e investimentos permanentes em ações preventivas.

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