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‘Moda de cria’: A tendência da representatividade das periferias

Diversos artistas como Anitta, Mc Cabelinho e Tasha e Tracie adotaram o crialismo

Por Mafê Firpo 17 nov 2024, 11h00
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  • A moda sempre chega para inovar – e acrescentar estilo. Em um mundo amplamente conectado, diferentes culturas entram no cerne das discussões fashion. No Brasil, o “crialismo” vem chamando atenção do público, reconstruindo os vestuários de milhares de jovens. Apelidada de “moda dos cria” (assim mesmo), o estilo faz associação ao termo “cria”, criado nas comunidades e que faz referência a alguém que nasceu e cresceu naquele ambiente. Com o crescimento da visibilidade das culturas periféricas, impulsionado por artistas como Anitta, Matue, Mc Cabelinho e Tasha & Tracie, o crialismo nunca esteve tão em voga. A cantora, por exemplo, comemorou seu aniversário de 29 anos com um conjuntinho da Bad Boy com uma “Calça Gang”, mais conhecida como sungas para lutadores de MMA. A peça também é entoada em uma das músicas do Bonde do Tigrão e se tornou novamente símbolo de desejo – em pouco tempo, lojas populares  lotaram com roupas similares.

    A dupla de trappers foi um grande fator para a popularização do crialismo. Acostumada a ostentar marcas de luxo, ela é vista em bailes de São Paulo com o estilo clássico de um “mandrake”, termo para os frequentadores assíduos de festas nas favelas. O conjunto é composto de tênis esportivos 12 molas, conjuntos da Cyclone, óculos juliete e cordão de ouro, todos com símbolos da Ferrari, Lacoste, Hugo Boss e Tommy Hilfiger- as grifes preferidas dessa turma. O traje de grife se torna o de “cria”, dando outro sentido (mais autoral e autêntico) à moda. “Anitta deflagrou esse momento com sua ode a comunidade: em clipes, capas e narrativas em geral. Essa moda se baseia em pertencimento, mas mais da estética e lifestyle, o lado que parece cool, de bailes e bronzes nas lajes”, explica a estilista Manu Carvalho para a coluna GENTE.

    A favela se tornou grande consumidor dessas marcas de luxo, um verdadeiro laboratório de experimentação de moda urbana, além de uma reapropriação por meio do consumo. É nessa onda que as grifes começaram a repensar a identidade junto ao seu público-alvo: os jovens. Um exemplo disso é a Kenner (vídeo abaixo).

    Lançada no Rio em 1988 por Peter Simon para surfistas da Zona Sul, a marca foi inspirada na moda das areias das praias da Califórnia. Hoje dialoga com culturas periféricas cheia de autenticidade. Virou até música. No hit Olha o Barulhinho da Kenner, o grupo Os Quebradeiras, em parceria com a empresa em agosto de 2023, performa passos de dança sincronizados com o barulho dos chinelos no solo. “Quando as marcas trabalham tendências, ganham mais visibilidade naturalmente. Se sintonizar com tendências de moda é uma maneira de aumentar o fluxo de cliente”, acrescenta Manu.

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    A mudança de postura das marcas é bem apreciada pelos famosos “crias”. Os estudantes Mateus Real, 17 , e Pedro Lucas, 18 , sabem, além de lançar um bom “passinho”, como se vestir bem. Adendos ao crialismo, os jovens entendem a necessidade dessa tendência por ter mais visibilidade. “É um jeito de mostrar a arte de várias formas e, principalmente, mostrar a arte das pessoas da periferia. Mostrar como realmente nós somos, com aquele, óculos, camisa do Flamengo… só para dançar um hip hop, é muito bonito e impressionante o que isso tem se tornado”, afirma Matheus, que adere às tendências a todo custo. Afinal, identidade visual é uma mensagem e tanto. 

    @kenner

    Os crias do passinho vieram no escritório da Kenner, e testaram a Megah pra lançar o sapateado! Tá aprovado, tropa? 🔥 #kenner #osquebradeiras #passinho #RJ #megah

    ♬ som original – rkquebra

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