Historiadores lançam livro que aprofunda pesquisa de escravidão no Rio
“Pretos Novos No Valongo - Escravidão e Herança Africana no Rio de Janeiro”, obra de diversos autores, foi lançado nesta terça-feira, 26
Acidentalmente descoberto em 1996, um sítio histórico no Centro do Rio de Janeiro se revelou Cemitério dos Pretos Novos, que serviu entre 1769 a 1830 como terra para enterrar os africanos escravizados que chegavam às terras cariocas. O local de desembarque era feito no Cais do Valongo e, assim que saltavam, eram negociados no mercado do Valongo. Para contar de maneira completa essa história, o Instituto Pretos Novos (IPN) lançou na terça-feira, 26, o livro Pretos Novos No Valongo – Escravidão e Herança Africana no Rio de Janeiro na sede da instituição, na Gamboa.
A obra é uma coletânea de textos com treze especialistas, que abordam com diferentes olhares a memória do local. “A importância fundamental é fazer com que um público amplo tenha conhecimento não só da existência do Cais do Valongo e o Cemitério Pretos Novos, mas também da complexidade das histórias que estão envolvidas nestes dois espaços. Conta a história do tráfico de africanos no Brasil, essa é uma característica fundamental da história brasileira, mas também conta a história desses homens e mulheres nesse continente africano que foram responsáveis pela materialidade do Brasil”, afirma a historiadora Ynaê Lopes do Santos.
A ideia do livro é fazer uma espécie de convite para que leitores tenham contato com as mais variadas histórias que foram alicerçadas pelo racismo no Brasil. De maneira linear, a obra conta como esses dois espaços configuraram a escravidão no país. “Não é um livro que esgota esse tema, mas a diversidade e abordagem que compõe o livro é justamente para convidar o leitor a ter noção da complexidade das questões”, completa Ynaê. A necessidade de trazer esse assunto, segundo a escritora Monica Lima, evidencia como ainda hoje é difícil de abordar os anos de escravidão em terras brasileiras. “Contamos a história desse país escravista que manteve herança do escravismo nas relações de trabalho e nas relações sociais mesmo no pós-abolição. Não é possível trazer em apenas um livro essa história tão longa e tão profunda, mas ele com certeza ilumina aspectos essenciais”, destaca.