Em conversa com a coluna, o cirurgião cardíaco Edmo Atique Gabriel explica a relação entre o primeiro e o segundo transplante realizado por Fausto Silva no intervalo de seis meses. Primeiro, um novo coração; agora ele recebeu um dos rins.
“Existe uma relação direta entre o coração e os rins. Alguns especialistas chamam isso de eixo cardiorrenal. A insuficiência cardíaca pode ser o estágio final de inúmeras patologias do coração e o transplante cardíaco desponta como uma solução única, mas muitas vezes remota. A insuficiência cardíaca pode favorecer má função dos rins e a hemodiálise se torna alternativa para aliviar a retenção de líquidos e o acúmulo de toxinas no sangue. A qualidade de vida das pessoas que dependem de hemodiálise é muito difícil, pois em geral são três sessões por semana por tempo indeterminado. Diante disto, o transplante renal surge como esperança. Algumas pessoas terão de enfrentar transplante de mais de um órgão, de forma simultânea ou em tempos diferentes, como no caso do Fausto Silva. Esta situação é mais delicada do que um transplante isolado, exigindo a utilização de mais medicamentos, realização periódica de diferentes exames e vigilância constante quanto ao funcionamento dos dois órgãos. No caso de um transplante de coração e de rim, a expectativa é que, ao longo do tempo, não ocorra rejeição acentuada dos órgãos e que o eixo cardiorrenal se mantenha viável e ativo”.