Em Travessia a jovem Karina (Danielle Olímpia) é enganada por um pedófilo virtual. Ele usa mecanismos digitais para mudar a voz e a imagem, e se passa por uma influencer. Em uma das cenas, no capítulo desta segunda-feira, 13, os dois personagens chegam a interagir por ligação de vídeo. Ele se transforma em outra pessoa e manipula a jovem para ficar seminua. A trama chocou por um realismo ainda pouco debatido na televisão. Mas afinal, é possível que da mesma forma ocorra fora da ficção?
Segundo o advogado criminalista Andre França Barreto, especialista em Direito Penal, em conversa com a coluna, essa tecnologia já existe na vida real. “Apesar de utilizada ainda em menor escala, é possível a alteração de voz e vídeo mediante o uso de softwares. Há registros de uso desses mecanismos inclusive nas eleições de 2022. Recentemente, também o Tik Tok ficou famoso por adicionar uma aplicação que possibilitava ao usuário que transformasse a sua voz na do Galvão Bueno”, lembra Andre.
Para proteger os menores em relação a esses criminosos é necessário uma maior fiscalização dos pais. “Nesses casos, além da constante orientação dos menores sobre conversas inapropriadas com qualquer pessoa na internet, é importante que haja monitoramento preventivo do celular do menor, para que os pais saibam com quem ele conversa, fiscalizando aplicativos de mensagens e redes sociais”, orienta o advogado.
Não custa lembrar que as penas previstas para esse tipo de caso envolvem reclusão, além de multa. O criminoso poderá ser enquadrado no artigo 240 do Estatuto da Criança e do Adolescente, cujas penas variam de 4 a 8 anos de reclusão, além de multa, que repreende aqueles que filmam ou registram cena pornográfica envolvendo criança ou adolescente.
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