Cantora Karla Gracie contraria tios do jiu-jitsu, apoiadores de Bolsonaro
Rapper carioca fala a VEJA dos desafios na carreira, de política e das letras contra machismo
O sobrenome não nega. Trata-se de uma integrante da famosa família que difundiu o jiu-jitsu pelo mundo. Entretanto, Karla Gracie resolveu fugir dos tatames e trilhar caminho próprio: o meio musical. Aos 28 anos, a carioca acaba de lançar o single Completa o meu Flow, em parceira com o cantor Gaab. Em 2019, estreou como cantora de trap, vertente do rap – lançou Salto 15 e Bonnie & Clyde. Mas logo veio a pandemia e precisou dar uma pausa. “Nosso meio artístico foi o primeiro a parar e o último a voltar. Por um lado, aproveitei a oportunidade para compor, estudar e lançar o que já tinha pronto”.
Em suas composições, são recorrentes temas como feminismo, empoderamento e machismo. “Cresci numa família que tem muito homem, tive que me impor desde muito nova. As mulheres da minha família têm personalidade forte, como forma de sobrevivência mesmo”, diz ela, que chegou a praticar o jiu-jitsu. Parou na faixa roxa, duas abaixo da preta. Karla conta que não foi fácil para os parentes entenderem sua vontade de seguir carreira musical. “Minha família achava que era coisa de criança, ‘logo vai passar’. Mas não passou! É um mundo muito diferente do deles, hoje percebem que era isso que eu sempre quis”, diz.
Sobre política, ela se esquiva e tenta sair de polêmicas. Os Gracie são conhecidos apoiadores do governo e próximos aos filhos do presidente Jair Bolsonaro. “Eu não tenho uma posição política, é um tema que nunca gostei. Está faltando diálogo. As pessoas estão reativas, é minha única crítica. Não tenho uma bandeira. Não me identifico com nenhum deles. Espero uma terceira via…”, diz. Perguntada se já se viu confrontada com os familiares por convicções políticas, ela defenda a livre expressão. “As pessoas têm o livre arbítrio, o direito de apoiar Lula ou Bolsonaro. Cada um tem que votar em quem achar melhor, essa opressão em fazer todo mundo pensar igual é problemática”, afirma, catando meticulosamente as palavras. Um questionamento final: Enquanto mulher, se sente representada por este governo? Ela é seca, como um golpe: “Não”!